terça-feira, 28 de dezembro de 2010

TANGÃO


Acabo de comprar um tangão. Acho engraçado, afinal a não muito tempo atrás, caberiam duas de mim, mas fazer o quê, o negócio é encarar o novo layout.
Me recuso a me encapar em um maiô, porque não adianta nada, as banhinhas vão continuar lá e minha barriga ficará branca como um leitão, então vamos a la plaia de tangão. O negócio é ter charme, mas se ainda assim você se sentir constrangida nada que uma cervejinha não resolva. Pensei comigo: - Vamos lá, é férias, verão, sol , mar e tudo que eles podem te proporcionar gratuitamente. Não posso negar, sou brasileira. Gorditcha simpática sempre cola.
Quem sabe, passando as férias não desisto do sedentarismo e começo uma maneirada na ingesta? Não é uma promessa, afinal tenho prazer em apreciar novos sabores, todos aqueles que a vida me apresenta.
Não gosto de promessas, a maioria não se cumprem e são muito egoístas. Nunca fazemos uma promessa visando o bem do próximo. Existem algumas bem ridículas: vou deixar de comer pão (doe pães para alguém) vou deixar meu cabelo crescer (faça uma peruca e doe). Perde-se tempo, acumula-se frustrações.
Se há uma coisa que prezo por demais é minha liberdade. Não quero perder minha liberdade, meus pequenos prazeres, sendo vítima da ditadura da estética, também não vou me dar a exageros; somente fazer aquilo que posso e não traga nenhum dano a mim ou qualquer outro. Além das marcas do tempo na pele, a banha também conta muito da sua história. O fato é que hoje o meu tangão representa a minha história, antes tanguinha, agora o tangão, porque não?

domingo, 26 de dezembro de 2010

ESPECIAL 2011




Desejo que em 2011, os meus parentes, amigos e todos que de alguma forma estiveram ou estão comigo possam realizar todos seus sonhos de consumo; sonhos de amor; sonhos de toda sorte: magníficas mansões; carros maravilhosos; novos sabores; namorados lindos; ótimos empregos; viagens paradisíacas; menos dores; helicópteros; amores tranquilos; plásticas; perfumes; mais energia; esposas perfeitas; jatinhos; maridos incríveis; roupas de griffe; mais amigos; iates; corpos esguios mas principalmente não deixem de comemorar todos os dias de 2011, sem esquecer de partilhar comigo todas as suas conquistas.


De fato, no fundo do meu coração desejo á todos SAÚDE física, espiritual e mental.

Um verdadeiro abraço fraternal e até lá!!!!!

Que venha o touro!

Olé!!!!


domingo, 19 de dezembro de 2010

PALHAÇO


O MENINO NASCEU PALHAÇO.

DIRIAM ALGUNS, NASCEU MEIO FORA DO COMPASSO DA VIDA OU CHEGOU ADIANTADO COMO FOI SEU CASO OU ESTÁ ATRASADO, COISA DE PALHAÇO.

CHEGOU E ENCANTOU NÃO POR SUA BELEZA, SUA LUMINOSIDADE ESTAVA NO RISO, TAMBÉM NÃO NO RISO DELE E SIM NAQUELES EM QUE ELE FAZ SORRIR.

DESDE QUE CHEGOU COMEÇOU A FALAR, SE NÃO ME ENGANO ANTES DE ANDAR.

ALIÁS, ENGRAÇADO ERAM SEUS PEQUENOS PÉS ENVOLTOS NUMA SANDALINHA DE ELÁSTICO.

FOI CRESCENDO COMENDO "ARVRINHA" ( COUVE FLOR) E TOMANDO "SURCO" QUE SUA VOVÓ SEMPRE SOLÍCITA PREPARAVA.

TALVEZ, NO SUCO ESTIVESSE O GRANDE ELEMENTO QUE FEZ DELE O PALHAÇO.

O PALHAÇO NÃO É AQUELE SUJEITO EQUIVOCADO, É O LÚDICO MATERIALIZADO.

O FATO É QUE O PALHAÇO CRESCEU, FICOU GRANDE E FORTE E CONTRARIOU MUITA GENTE QUE NÃO ACREDITAVA NA FORÇA DO PALHAÇO.

COMO ? COMO? SER PALHAÇO?

DENTRO DO PALHAÇO HÁ UMA CHAMA QUE NÃO SE ENGANA.

TODO TEMPO, EM TODO LUGAR , EM TODAS AS ÉPOCAS SEMPRE HÁ DE EXISTIR O PALHAÇO, PORQUE TODOS TEMOS UM POUCO DELE E NÃO APENAS DE MÉDICOS E LOUCOS.

AO PALHAÇO SEMPRE O MELHOR DA VIDA: O SORRISO


PARA MIM, FIGURA ENIGMÁTICA O PALHAÇO, ORA SE ESCONDE ATRÁS DA MÁSCARA POR ESTAR TRISTE, ORA SE DESNUDA COLOCANDO SEU CORAÇÃO NAS MÃOS.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

MEU CONTO DE NATAL


A noite de NATAL na minha casa não tinha essa aura religiosa como deve ter, mas havia muito mais que isso: AMOR EM FAMÍLIA. Uma família simples, de hábitos SIMPLES. Acredito que era uma grande felicidade para os meus pais, ainda que com algum esforço, realizar todos os nossos desejos de NATAL. É os pais são assim mesmo, só mudam de endereço....
E com toda a alegria dos meus olhos infantis,vou relembrar uma pequena parcela dessa festa.
Meu conto de Natal começa com uma árvore enorme que minha mãe montava todos os anos: era prateada e tinha bolas de vidro da cor maravilha.
A casa era toda preparada para o fim de ano, sempre com algumas pequenas reformas e renovações orquestradas pela MAMÃE.
Ela se esmerava na cozinha com os "nossos" tradicionais pratos de NATAL e dando aquele toque de beleza, aconchego e carinho na casa, coisa dela que de certa maneira, revelo que ainda tento precariamente manter.Logo que lançaram o Chester (a galinha mutante) no mercado, o velho e duro perú foi imediatamente substituído, é muito mais úmido, pelo menos eu acho.Os panetones eram caseiros e assados em latas de leite.
Quebrávamos as nozes e castanhas nas dobradiças das portas de casa, era uma das diversões do Natal. Quanto ao meu PAI, lembro-me dele caminhando comigo por sobre seus ombros, na rua de comércio da cidade, no meio daquela festiva multidão e eu felizzzz da vida, vendo tudo lá do alto e pronta para escolher o que quisesse.
Os presentes sempre foram muitos, mas sempre há aqueles que deixam “natalinas” lembranças, desses posso relembrar alguns que trouxeram muita farra lá em casa tanto para mim quanto para minha IRMÃ Estela.
Estela era bonequeira daquelas e minha mãe incentivava, já que também gostava muito das “meninas” de plástico, eu tinha um gosto mais...... digamos eclético. Dos presentes que ganhei me lembro com clareza: do gravador, onde passei a registrar todas as bobagens que passavam pela minha cabeça desde aquela época.
Um Mickey equilibrista, um fuscão vermelho de corda, uma caloizinha azul, uma tonkona azul da trol com rodas gigantes(show de bola,) mil Susys, contudo nunca dei muita bola para bonecas, mas enfim...Um forninho que fazia pizzas de bolachas com mussarela em cima, uma copa cozinha(de metal ) com pia de verdade e uma adorável janelinha amarela, panelinhas, xícaras, pratinhos, muitos jogos, quebra cabeças e sei lá mais o quê de tranqueiras. Vale lembrar que alguns dos meus objetos de desejo foram comprados na loja Nipon, nem existe mais.
Contudo,no Natal de 1985, as bolas cor maravilha se quebraram junto com tudo de bom que era o Natal. Restou nós três caminhando a pé para um restaurante perto de casa sem emitir uma palavra sequer, para comemorar o nosso Natal, agora mais triste.
A partir dali, provamos mais que nunca a felicidade de permanecermos juntos na adversidade, agora eu, papai e minha irmã e foi assim que chegamos até esse FELIZ NATAL!!!!!

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

SORTE

Hoje, caminhando parei embaixo de uma árvore para atender meu marido que por acaso passava de carro por lá, algo inusitado, já que raramente nos encontramos durante o dia.
Desceu do carro, me deu um beijinho e senti algo melado escorrendo no meu cabelo, imediatamente pensei: foi um passarinho.
Gentilmente, ele foi ao carro pegou um pedaço de papel para limpar meu cabelo e repetiu a clássica frase: ISSO É SORTE!
Cá comigo, para mim é cagada de passarinho, isso sim!!!!
25/11/2010

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

ANDRÉ E O JUDÔ







Tenho aqui em casa alguém que adora andar nú, gargalha com tamanha alegria e facilidade que inunda a casa de felicidade. Esse ser come com as mãos, não sempre, mas sempre que pode.
A maior parte do tempo se arrasta pelo chão, debaixo das mesas ou cadeiras, emitindo sons, imitando ruídos de carros, animais, foguetes e tudo que possa agradar seus ouvidos apurados.
Ah! também gosta muito, muito de música.
Por anda passa deixa vestígios, migalhas, restos, pedaços, partes, respingos, melecas, pocinhas , molhaceiras ou seja marca sua presença com líquidos e sólidos.
Se está vestido, ou está sujinho ou amarfanhado, ainda assim não perde a pose de quem nasceu príncipe e tem consciência do seu reinado.
Tudo é instrumento para manter sua alegria: talheres, pregadores de roupas, cds, livros infantis, lápis, canetas, pecinhas miúdas de toda sorte, se piscar até no lixo ele fuça, mas tá bom, não reclamo, ele é um verdadeiro pesquisador da vida, função que exerce com maestria.
No banho pratica nado, relaxamento, enfim regozijo puro....
Mas, foi no último domingo, que ele me surpreendeu demonstrando, disciplina, respeito e porque não dizer alguma técnica. Fiquei tão feliz que nem consigo relatar, jamais pensei que pudesse ser assim tão babona.
Em sua primeira apresentação de Judô , ANDRÉ aos 03 anos, foi simplesmente uma criança que provou que para aprender basta ter quem ensinar. Todos os movimentos da técnica das pernas Ashi Wasa ele fez com desenvoltura, mas resolvi relatar porque seu parceiro deveria ter aproximadamente 1.80m, era seu mestre.
Ele "lutou com o professor", agarrando no kimono ou melhor na altura do joelho e levando ao chão o outro judoka (Professor Bruno).Claro, que graciosamente, o mestre se atirou ao chão, de qualquer forma foi muito legal!!!!
Essas tardes primaveris são realmente maravilhosas nos trazem além das surpresas das flores, do céu limpo e do calorzinho agradável, surpresas com as pessoas.
PARABÉNS AO MESTRE POR SUA SUAVIDADE E PACIÊNCIA E TAMBÉM AO ANDRÉ CRIANÇA QUE APRENDEU!

sábado, 6 de novembro de 2010

MATEMÁTICA

Foi difícil aprender que dividir é multiplicar, mas finalmente cheguei a um resultado satisfatório.

sábado, 23 de outubro de 2010

PERNÓSTICA


Conheci a tal pernóstica, em uma dessas tardes modorrenta (como diria meu finado sogro), estávamos todos meio sonados. A figura entrou parecendo o carro da família Adams, com aquela nuvem negra em cima e acelerando. O departamento ficou em polvorosa!
Ouvia-se muitas coisas sobre ela: a palavra final cabia à ela, ela sabe tudo, ela é observadora, ótima profissional, impecável administradora, enfim criou-se uma aura de perfeição para a personagem. Tinha até um certo receio em encontrá-la, mas também uma expectativa em conhecê-la.
Refeita do susto em ver aquela, digamos, espaçosa senhora, passei as observações.
A mulher parecia uma betoneira em um jardim de tulipas, esbravejando com tudo aquilo que acreditava estar incorreto, jamais admitia estar equivocada, estava acima de tudo e principalmente de todos nós. Nos lançava olhares por cima dos óculos. Extremamente melindrada com qualquer comentário ou sugestão contrária as suas idéias. Era pura TPM.
Montanhas de papéis voavam quando ela se movia, também tenho que admitir que o lugar não era lá muito organizado, mas funcionava.
A pernóstica cansada da passagem teatral, sentou-se à frente de uma das máquinas do escritório(pc) e o suor a correr-lhe, parecia estar em transe, não se mexeu durante alguns segundos, depois metralhou inúmeras perguntas.
No intervalo entre um perdigoto e outro, que caia no meu rosto primaveril, consegui fazer uma intercessão:
Senhora, está salvo em algumas pastas aí no micro, basta verificar. Senti, então que o mundo havia desabado:
A mulher sequer sabia ligar o monitor, quanto mais encontrar um documento na máquina. Mais tarde, soube que mal sabia digitar.

Até hoje, não sei como continuo no cargo, afinal desmantelei as muralhas da poderosa SUPER PERNÓSTICA, despretensiosamente, é claro!
E vejam só, era uma sumidade....

terça-feira, 12 de outubro de 2010

"CRIANÇAS GOSTAM DE FAZER PERGUNTAS SOBRE TUDO, MAS NEM TODAS RESPOSTAS CABEM NUM ADULTO"
Arnaldo Antunes

sábado, 2 de outubro de 2010

DESPRETENSIOSA NA TV




As linhas que se seguem é a mais pura realidade e todos os personagens reais.


"Seria finalmente meu pretensioso momento de glória andando pelo red carpet, loura, lânguida e FAMOSA. (fama é tudo, diria um amigo bicha)"







Dia desses, fui procurada por um produtor de tv. A princípio achei que fosse uma piada, relutei um pouco, mas diante da insistência e a natural curiosidade, superei minha timidez e aceitei receber o tal produtor.
Antes contudo,verifiquei a veracidade do interesse e por que cargas dágua queria tanto conversar informalmente comigo.
O programa em verdade confesso é de um jornalismo inteligente, dinâmico, mas não popular. O tema tratado: A origem da vida, vaaaasto assunto.
O jornalista passou a descrever o que seria minha participação em um contexto da maternidade vivida por um casal de adolescentes (já sabem que não sou eu), outro que vivia a inseminação in vitro, e claro finalmente a minha figura maternal quarentona. Iria expor a minha condição de primegesta idosa. Iniciada a conversa, passou a perguntas rotineiras da minha tardia maternidade, buscando saber , creio eu, se ela fugia do contexto habitual de qualquer mulher que se propõe a ser mãe e amar aos 15,30,ou 50 anos.
Constatado a normalidade ou 'paranormalidade' do meu bom humor, vitalidade e diriam alguns coragem, houve a decepção. O rapaz, disse claramente que o diretor do programa buscava alguém, talvez com um perfil mais envelhecido não só no fenótipo como também no genótipo.
Imaginei cabelos desgrenhados, crescidos e brancos, dentes amarelados, rosto vincado pela árdua lida da maternidade e reclamando da vida e pensando: que azar, tão velhinha e agora um guri arteiro para criar.
Achei engraçado, inversa sempre foi a minha ideologia: Coitada tão jovem com o mundo a seus pés e agora com um boca aberta chorando ou mamando para criar.
Bom, talvez, quando me procuraram, estivessem convencidos de que se tratava de uma maternidade extra terrestre, ou ainda uma mãe com três peitos ou com orgão sexual na horizontal, quiça....
A televisão tem dessas coisas, sempre em busca do bizarro, afinal o show tem que continuar.

sábado, 18 de setembro de 2010

"CUANTO MENO BULTO MÁS CLARIDAD"


Simplesmente, adoro esse dito espanhol repetido incansavelmente pelo meu dileto Padrinho Auré.
Tudo começou quando passamos a ir, com uma certa frequência, para Bertioga, no final dos anos 80, começo dos 90. Uma casinha de pescador isolada, mar só nosso, vielas de mato, sapos, muita, muita rã, cobras entre aranhas, escorpiões, lagartos e toda fauna e flora de um litoral ainda preservado. Uma amplidão de céu e mar sem fim, tanta liberdade, tanto ar que chegava a sufocar. Nem sei bem explicar...
Enfim, o refúgio da chatice da vida. Lá éramos nós mesmos, meu Padrinho, o heróico Dom Quixote, minha Madrinha, a bem humorada gatona anos 80 e eu como sempre a inabalável garota de 20 e poucos anos. O silêncio do lugar era tão envolvente que convidava a reflexão e nos remetia cada qual a seus próprios pensamentos.
Filosofávamos junto ao por de sol, apenas nossas três sombras perfiladas em frente ao mar e metros e metros de praia sem viva alma. Embora, com toda a exuberância da natureza ao nosso redor, de maneira egoísta, havia alguns momentos em que sentíamos a falta de outros, quando providencialmente meu Tio disparou: "CUANTO MENO BULTO MÁS CLARIDAD" (quanto menos gente mais claridade).
Empreguei diversas vezes esse dito espanhól que tem inúmeros desdobramentos.
De fato a solidão é necessária, se aplicada como um lenitivo. Ela não me desagrada e muitas vezes se faz imprescindível. Longe de aglomerados e de confusas retóricas, a "claridade" nos conduz à um mundo interno mais rico. E foi assim que sózinha aprendi mais uma nessa vida...

quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A CHURRASQUEIRA




Se existe algo que considero agregador, isso se chama churrasqueira.
Falou em churrasco, dois tijolos, uma grelha e um amontoado de carvão resolve o problema e a festa começa, os sorrisos se abrem, as pessoas se encontram.
Ninguém refuga um convite de churrasco, pelo menos ninguém que eu conheça.
Declarados vegetarianos, submetem se aos prazeres que o entorno do fogo nos proporciona.
É uma coisa visceral, algo que acompanha a humanidade desde os primórdios.
Exatamente, por esse espírito fraterno é que amigos, inimigos, diletantes, pobres, ricos e remediados de alguma maneira diante da churrasqueira se deixam levar pelo calor humano ou será da churrasqueira? Notem que o planeta todo se rende ao calor da churrasqueira, do ocidente ao oriente, do pólo norte ao pólo sul. É interessante....


Bem, quanto as minhas vivências pessoais, compartilhei manifestações de toda a sorte, graças a referida em questão.
Pau pra toda obra, todo tipo de comemoração passava pelos espetos e grelhas de uma tosca e boa churrasqueira. Deixávamos a preocupação com o colesterol, álcool, fumo e outras coisas para seu devido momento: na frente do médico e encarávamos com toda a tranquilidade a churrasqueira.
Frequentemente, fazíamos em casa "um churrasquinho" que se armava em 15 minutos e corria toda a tarde e algumas vezes invadia a noite sem nenhuma cerimônia, aliás cerimônia é algo que não existe em churrasco. É quem tem churrasqueira tem sempre alguém por perto.
Depois que passamos a viver sem as "labaredas fogueteiras" da churrasqueira, sinto até que as pessoas se afastaram, não é mais a mesma coisa. .
Diante da churrasqueira fazíamos rodas memoráveis de conversa fiada, atualidades, política, religião, como percebem polêmicas em geral, ajeitávamos a vida de todo mundo, menos a nossa é claro! Também fazíamos terapia em grupo, gratuita, engraçada e prazerosa. Mas, enfim, a churrasqueira se foi e junto dela todas as delícias de quem sabe ter uma em casa.
Penso, agora, em instalar uma churrasqueira na área de serviço ou quem sabe na varanda do ap, tipo Very Important People, área gourmet.(sem cerimônia) Brevemente, então resgatarei a minha, porque a saudade dela é grande e tá doendo em mim. Entendem?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SAUDADE


Só suporto, é o que eu posso dizer. Tudo tão perto em memórias e definitivamente distante.
Pela manhã quando abro os olhos penso nela e ao anoitecer cerro as luzes do dia com o mesmo pensamento.
Tenho ainda a presença das suas palavras, frases que repito diuturnamente, do seu jeito, da sua maternidade carinhosa, presente e principalmente batalhadora.Vejo sua mãos, sinto seu cabelo fino e disperso. Lembro dos seus olhos castanhos escuros se deitando com compreensão sobre mim. Da sua vaidade discreta: batonzinho, roupas distintas. Do seu romantismo e uma aura de melancolia permeada de boleros, Roberto Carlos e outros. Da sua delicadeza e carinho pelas flores e plantas, talvez ela fosse o Tistu (o menino do dedo verde).
Minhas narinas sentem o cheiro da cozinha, da casa muito limpa, o gosto do famoso bolo da tarde (fubá,chocolate), a lasanha que eu simplesmente amava e infinitas tantas outras saudades.
As roupas que mandava costurar para suas "bonecas" (nós as filhas). Fazer a feira e o mercado juntas. Os passeios curtos que fazíamos de ônibus até o centrinho da cidade, ela jamais quis saber dirigir. Linda mesmo era minha mãe. Beleza que falo, longe da estética, dos valores materiais e de tantos outros apelos dispensáveis.Todos os conselhos que se concretizaram e que o destino nos enganou e assim ela não pôde partilhar. A paz reinava em sua plenitude com a segurança que só a minha mãe podia dar, aliviando os sobressaltos do meu coração. Da sua fortaleza e resignação no ocaso da vida diante da devastadora doença que não levou sua coragem nem tão pouco sua dignidade. Anita, diminutivo carinhoso de ANNA, assim era ela.
Sempre que chegava em casa sem se quer pensar, instintivamente gritava: MÃE, MÃE!!
E sempre, sempre ela estava lá..

sexta-feira, 2 de julho de 2010

MARIDOS

Uma copa do mundo que nem chegou a empolgar. Em um desses jogos enfadonhos, descobri que marido não se atenta para os gostos das magníficas companheiras na saúde, na doença, na miséria ou na riqueza e blá blá blá..., embora se esforcem ao máximo.
Bom, bola rolando, churrasco na grelha e nada de gol. Eu particularmente tirei um cochilo durante o "espetáculo futebolístico", foi quando aí, resolvi pedir (DURANTE O INTERVALO) que me comprasse um sorvete.
Prontamente ele saiu e voltou todo feliz carregando um picolé de limão.
Um picolé de limão!! Caramba em tantos anos partilhando a mesa juntos, será que nunca percebeu que eu jamais chupei um picolé, ainda mais de limão!!
Esse ser peludo, imberbe, fofão ou magrelo, não importa, o qual chamamos de MARIDO confirmou aquilo que eu já desconfiava: Ouve, mas não escuta; enxerga mas não vê.
Ainda assim, você nem em sonho pretende se desfazer dessa criatura, embora muitas vezes tenha pensado.
Passemos agora as situações do clássico marital:
Trabalho, trabalho, trabalho....
Aquele parafuso da porta que há 3 meses atrás ele ficou de colocar no lugar e que todo dia te faz lembrar dele com um "carinho" muito especial.
"O provisório definitivo", conhecem né?
O típico instrutor de motorista que fica ditando para você todas as manobras que deve realizar, enquanto você dirige.
O rei da bagunça organizada, ou melhor generalizada.
O amigo de muitos amigos... O dono de um bom humor que chega a ser irritante.
Aquele MARIDO que insiste em arrumar tudo todo o tempo com as suas traquitanas infernais tirando sua paz e zoando a casa toda de bagunça e poeira.
Cuecas, cinzeiros, cervejas e coisas, muitas coisas....
E por fim você se lembra do convívio inicial cheio de delicadezas que vai aos poucos sucumbindo aos ruidosos flatos na cama.(morro de dar risadas).
Deixemos isso tudo para lá, afinal confessem: não vivemos mais sem AMOROSA, aconchegante e providencial companhia do MARIDO.
O primeiro, único e último para todo o sempre MARIDO.

sexta-feira, 25 de junho de 2010

ROBERTA FABRIZIA

Roberta é uma daquelas figuras que se não fosse pelo perfil romano, há que se falar da personalidade do seu nariz, seria reconhecida pela sua impressionante capacidade de envolver as pessoas em suas histórias debochadas. Essa figuraça sempre está enredada ou testemunhando alguma "gafe". Incrível mas ela não perde uma ! Tudo vira uma grande história dramatizada em seus gestos largos recheados de gargalhadas. É implacável, desde tropeços de breacos que soltam as frangas em reuniõezinhas caseiras, até refinadas festas onde as "senhoras" perdem suas próteses capilares e a compostura.
Dia desses, nossa amiga Roberta, meio que por acaso foi dar em uma dessas festas de bacana, uma cobertura muito bem decorada, "gentes chiques" disse ela.
Na festinha, pessoal meio tontinho das champanhotas, frisantes e outros birinaites, música rolando alto e ela dançando feito um perú de véspera (diga-se bêbado), ou seja o processo já todo instaurado. De repente, num lampejo de sobriedade Roberta olha para um dos garçons e percebe que o cabra estava tirando a camisa, equilibrando a bandeja e de quebra requebrando os quadris.
Sem as austeras vestimentas de garçon, ela notou que os moçoilos eram de diversas etnias: afro descendentes, orientais, nativos, caucasianos ao gosto do freguês.
Até então, era exigir demais de sua capacidade de discernimento, foi quando aí....Uma íncrivel luz iluminou seu cérebro. Ela estava numa roubada.
Das duas uma: ou ela ficava e aproveitava a bandalheira ou corria dali até perder o folêgo. Escolha feita: dançou até o raiar do dia, "fotografando" todos os micos dos presentes. Diversão garantida para ela e para nós com mais uma de suas histórias.
As senhoras de reputação ilibada atacaram o peitoril, a traseira e outras partes dos "serviçais" e passaram a dançar muitíssimo desinibidas o rebolation e outras coreografias que só valem a pena se ela, Roberta , contar pra gente rir.
Escrevi isso porque uma colega de trabalho me disse que eu estava gorducha e lembrei que existem algumas pessoas especiais que gordinhas, esquálidas, carecas ou cabeludas, a gente quer sempre ter elas por perto, porque nos fazem felizes, são leves e livres do pecado.
Bom, para arrematar, ainda que duvidem, além de festeira convicta, Roberta Fabrizia como se não bastasse é linda como a música do Caetano, uma fonte inesgotável de energia, mãe judia daquelas, esposa companheira e amiga que faz falta em todas as ocasiões, desde velórios até as já decantadas festinhas.
(E quanto a minha colega de trabalho mineirinha, não vou prometer pra ocê que emagreço, mais vou me esforçar, tá Tobinha?)

quarta-feira, 2 de junho de 2010

Exames de Rotina


Hoje fui fazer meus exames de rotina. Se existe algo chato são esses exames femininos, me sinto um frango no espeto.
Acaso, não se lembram da famigerada posição do coitadinho com as perninhas abertas no espeto, rodando com aquele fogo do inferno, torrando tudo. Pior que isso com todo mundo vendo. Geralmente a assadeira, também conhecida como tv para cachorro, fica nas calçadas. Prática muito usual nos bairros periféricos. Mas,voltando aos exames, você fica tão fragilizada e exposta tal qual nosso amigo frango, vejamos:
Sempre há o constrangimento em ficar nua ou semi nua na presença de um estranho, no caso o médico. Ainda que "coberta" por aqueles camisolões que deixam toda a traseira de fora, quando não as mamas. Fico chateada com a vestimenta ridícula e preocupada com a aparência se é que se pode ter esse tipo de preocupação, afora os problemas de ordem fisiológicas que teimam em aparecer nesses momentos.
As salas dos exames são sempre escuras, graças á DEUS e a tecnologia, claro. Num primeiro momento sou colocada em pé e tenho as mamas pressionadas sob um aparador gelado que só, aí vira para esquerda, depois para a direita, depois espera para ver se as imagens ficaram boas , repete-se tudo de novo e note-se a sala é um gelo e vc está semi nua, louca para sumir dali.
Terminado o primeiro embate, parte-se para o 2º round, deita-se em uma maca , onde uma enfermeira "gentil" em um ato mecânico coloca seus quadris nus encima de um travesseiro, enquanto aguarda o médico que entra e mais uma vez, graças á DEUS nem olha na sua cara de tonta. Observo de soslaio o procedimento e vejo que o DR coloca um preservativo, ressalte-se no instrumento, não dele, mas da geringonça hightech que consegue visualizar com precisão toda o meu aparelho reprodutor, útero, ovários, trompas etc...
Findo esse exame, passo ao terceiro e último round, deito-me em uma cama em posição ginecológica ou seja com as pernas abertas e mais uma vez nua, onde delicadamente introduzem, sei lá o quê , preciso me atualizar em instrumentação cirúrgica, e colhem material para análise. Me levanto toda desengonçada da mesa, na verdade, querendo voar dali e saio rapidamente para alcançar a rua.
Já em segurança caminhando, pensei que mulheres como as minhas avós jamais estiveram em situação similar e viveram décadas sem o assombro da prevenção. Por outro lado, me sinto aliviada em saber que só farei os exames no próximo ano, mas confesso que sempre algo fica martelando: Viveremos mais e melhor por conta disso? Bom, para toda a regra existem suas exceções....Infelizmente conheci algumas, daí o questionamento "to be or not to be".
Ah!! quanto aos resultados foram os melhores !!!!!!

quinta-feira, 13 de maio de 2010

PAPAI SABE TUDO FAZ 77 ANOS!!!!!


Meu PAI não foi nem meu herói, nem meu bandido. Meu PAI é tudo aquilo que sempre quis ser.
Grande é a admiração que tenho por ele, com seu jeito discreto, sua maneira peculiar de tocar a vida com grande maestria. O que mais me impressiona é sua independência, seu caráter inabalável que por todos e tantos revezes se fez ainda mais forte. Hoje aos 77 anos é de uma alegria de viver que poucos tem, faz parte de um grupo de privilegiados que sabe fazer do tempo um aliado e não seu inimigo. Aliás, só tem tempo para vida e seus prazeres , nunca lamúrias ou reclamações. No seu mundo sempre há o que conquistar, o que fazer, o importante é não parar, não se consome em bobagens. Isso é sabedoria!

PAPAI não economiza sorriso é o tipo do sujeito boa praça, sempre simples em suas colocações e tão certeiro e aguçado como um grande patriarca. Sua companhia nos transmite paz, segurança qualidades presentes de quem apurou os seus cinco sentidos.
Fala pouco e escuta muito, aprendeu que nasceu com dois ouvidos e uma só boca, coisa que milhares esqueceram, já por isso seria seu diferencial.
Contudo, ainda reúne outros atributos:
Saracoteia com muita desenvoltura pelos salões de dança, arrebatando corações das senhoras alertas, é sem dúvida uma das suas paixões, seu grande exercício físico.
Aprecia uma cachaça, um bom papo com amigos e contrariando a toda literatura médica fuma com muito prazer, obrigado!
Em nenhuma ocasião lembro do meu PAI interferindo em minhas decisões, ao seu modo sempre me passou confiança e confiou nas minhas nem sempre acertadas conclusões.
A figura paterna se resume para mim em um coração e cabeça recheados de carinhosas lembranças junto ao meu "velho" PAI SAPECA, corrigindo, usado e não velho (palavras do mesmo)
É véio MARIO é assim um NOBRE PAPAI SAPECA.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

MÃE 31


Ser MÃE é 31, explicando melhor, é 24 horas com mais 07 dias da semana totaliza 31 maneiras de amar em tempo integral, inclusive em algumas ocasiões às avessas.
A maternidade é sempre permeada de emoções. A emoção de quem escala o pico mais alto do mundo e no mesmo momento se vê desamparada ao sopé da montanha. Só quem vive na montanha russa da maternidade sabe do que falo. Do looping com a chegada do rebento que nos arremessa de cabeça para baixo e arremete depois em um vôo para o desconhecido. Afinal, cada dia para a MÃE 31 é uma surpresa, nada é previamente programado e tudo é meticulosamente cuidado.
MÃE 31 não é apenas e tão somente amor, é muito, muito mais! É deixar de ser a foto para ser apenas a moldura. MÃE 31 não trabalha, se acaba em paixão.
A paixão do sorriso banguela, dos dentinhos branquinhos, a paixão do rebento alimentado, do banho cheiroso e daquele toque de pele que só as MÃES conhecem, sensação da missão cumprida, pelo menos por ora.
MÃE 31 é pura inspiração combinada com transpiração. Transpira amor, abnegação, carinho. MÃE 31 é peito quente de aconchego, farto de carinho, abundante de paciência e compreensão infinita.
Precisaria de inumeráveis formas para agradecer as criaturas maternas que povoam esse mundo e trazem consigo um pedaço do céu junto de si.
MANHÊEE, OBRIGADO POR ME ENSINAR A SER MÃE !!!!!
TI AMO ESTEJA ONDE ESTIVER!!!!!
VOCÊ FOI, É E CONTINUA SENDO A LUZ DA MINHA VIDA

quarta-feira, 5 de maio de 2010

Sinceridade


Certa feita em uma discussão acalorada sobre o problema da migração interna, soltei uma infeliz preciosidade: "São predadores de água que se instalam nas áreas de mananciais". Uma afirmação superficial, confesso, sobre o problema e não pude sequer concluir o que pensava, já fui logo taxada disso , daquilo etc... A sinceridade já me colocou em diversas situações, digamos, constrangedoras. Na minha eloquente ingenuidade, pensando estar em terreno amigo, acabei verbalizando coisas que desagradaram. Vivo agora me policiando para ser politicamente , ecologicamente, socialmente e tudo mais o que possa ser correto. Embora, nem sempre acreditando nisso...
Sinceridade ou franqueza definitivamente não combinam com boa educação. É preciso ter muita coragem para ser franco, nesse universo de aparências e superficialidades. É como se olhassemos para a imensidão do mar e só vissemos as ondas, na verdade é nas profundezas que se encontram as maiores riquezas e belezas.
Me parece, algumas vezes, que boa educação ou diplomacia carrega um lado obscuro no qual nunca sabemos o que "bem educado" e "diplomaticamente treinado", pensa ou está disposto a fazer, parece mais uma tática de guerra: o elemento surpresa.
Me sinto acuada diante de alguém que está sempre sorrindo, emitindo pareceres positivos, ponderações equilibrados e em nenhuma circunstância se mostra convicto, é sempre muito ""blasé"". Então me preparo para o inesperado, me alinho no front a espera do primeiro ataque cortês.
A boa educação determina que devo manter a distância polêmicas, não manifestar pensamentos e emoções sem a "devida filtragem". Parece que ser sincero só é bonito nos versos do poeta, fora dali é uma bobagem. Das duas uma: ou o Sincero é inconveniente, chato e mal educado ou encantador, dono de um brilho das verdadeiras jóias raras. Há quem diga que alguns filósofos afirmam que os covardes e hipócritas se escondem atrás das pseudo regras de bom comportamento ou educação. Para mim, educação é algo muito pessoal, depende muito do objeto, do sujeito e principalmente da circunstância. Imaginem o defunto deitado e você afirmando como ele está bonito.
Contudo, o fato é quem fala o que quer, ouve o que não quer ou nem sempre assim. Sei lá!!!!

Só estou sendo sincera....

terça-feira, 20 de abril de 2010

ANIVERSÁRIO

Fazer aniversário é inevitável assim como o ar que respiro, claro até a danada me chamar para a terra dos pés juntos. Sinceramente espero que demore mais um bom tempo.
Entretanto, amanhã não vai ter festa no ap, nem muito menos bundalelê. Amanhã só quero saber de acordar e viver como um outro dia qualquer , bom pode até ser que eu invente alguma coisinha que me traga prazer como tomar uma taça de prosecco ou um frisante, mas é só isso.
Aliás, amanhã é um dia qualquer, embora seja feriado nacional. O feriado é para outro, o Sr Joaquim José da Silva Xavier que também atendia pela alcunha de Tiradentes. Explicado o feriado para quem conhece o mínimo de história.
Como uma despretensiosa convicta, não fiz nada que entrasse para a história, sequer consegui cumprir com as três máximas da vida: Tenha um filho, plante uma árvore e escreva um livro. Bom, tudo a seu tempo, quem sabe nas próximas 04 décadas, quem sabe?
Resumindo, parabéns para você nessa data querida, muitas felicidades, muitos anos de vida.....

Ah!, já ia me esquecendo de agradecer aqueles que de alguma maneira participaram da minha vida nesse último ano e a tornaram mais graciosa.
É fazer aniversário talvez seja exatamente isso:
A G R A D E C E R !!!!

quarta-feira, 14 de abril de 2010

Roupas no Varal


Se há uma coisa que me emociona são as roupas secando no varal. Parece uma bobagem, mas tem seu romantismo. Tenho em minha memória as roupas secando ao vento em um quintal de gramado bem cuidado e verdinho. Na verdade, as roupas também eram bem cuidadas, lavadas pelas mãos delicadas e dedicadas das donas de casa que tinham orgulho do trabalho bem feito. Quanto as roupas brancas isso era um capítulo à parte, verdadeiras bandeiras brancas tremulando ao vento em sinal de paz. Era realmente tempo de paz. Sem falarmos na presença providencial e vital do sol banhando, iluminando e aquecendo à tudo e todos. As crianças correndo no quintal com toda liberdade da natureza infantil, enquanto as mulheres, mães, donas de casa cuidavam da casa, da prole e do marido com todo zelo e despretensiosas.
Nesse contexto, há mais mansidão, carinho e sapiência. Contrariamente, hoje a máquina de lavar, objeto essencial, para nós donas de casa, se pensarmos bem, é algo tosco, chega a ser truculento. Coisa de moradores de pequenas cavernas entulhadas de objetos pretensiosos que fazem as vezes do trabalho delicado das mãos e do sol entre outras coisas. Ainda secamos todas as roupas longe do magnífico e democrático Astro Rei e dos "românticos" varais. Esses ocupantes das referidas "caverninhas" são moradores pálidos na tez e levando uma vida igualmente pálida. Sempre pretendendo, sempre correndo, sempre competindo. Longe das roupas no varal, sem a grama verdinha, longe do vento, longe do sol...
Nada me ocorre a não ser que hoje estamos sempre na sombra ou estamos sombrios ou até mofando como roupas que não secam no varal.

sexta-feira, 9 de abril de 2010

A Discoteca do Chacrinha

A mulherada dançando e rebolando com suas pernas gordas, quadris imensos e celulites à vontade. Hululando em nossas caras nas tardes de sábado, bacalhau voador, "melancias e outras frutas" não faziam espetáculo sexual, elas eram sim, atiradas e consumidas pelo público que se deleitava com a brincadeira.
Não sei explicar, mas não era apelativo, não ofendia, era divertido, ingênuo.
Desde a vovó até os pequenos assistiam a tudo, era um programa da família.
Muitas cores, muita música, platéia tão debochada quanto o apresentador, espontaneidade era a marca registrada.
Os artistas, grandes nomes da música brasileira, vinham despidos de sua arrogância e entravam na brincadeira do velho guerreiro e suas bundas hululantes (chacretes). Era pura alegria!
Figurinhas carimbadas ajudavam no palco e faziam parte do espetáculo multicolorido, multishow.
O programa "rescendia", a FELICIDADE (se é que pode se sentir o cheiro no ar e pela tv)
Sem esse chororô chato dos programas atuais com esse apelo sentimentalista e principalmente materialista.
O retrato do povão, sem maquiagem, sem essa de paternalismo com doações de casas, carros, móveis ou qualquer outra coisa. O que se doava era a alegria.
Banguelas, cafonas, gordões, vermelho com roxo, carecas, magrelos, descabelados, mal ajambrados, todos tinham seu dia de glória na platéia, no palco ou apenas assistindo ao "velho" do outro lado pela tv.
Isso é o que chamo de comunicação, sem ruído, é o que o povo precisava e precisa.
Algo de puro entreterimento, a mensagem era dada para as donas de casa,(Roberto Carlos) o filhinho,(cores, música e palhaçada) o papai (bundões gordos) todos de alguma forma encontravam distração com o programa.
Afinal, quem não se comunica se estrumbica!!! Não é Therezinha? Roda roda roda e avisa um minuto pros comerciais.....
Deu para perceber que eu sou fã do ABELARDO BARBOSA, mas quem não é?

quarta-feira, 31 de março de 2010

CARTA


Cara amiga,

Hoje, a saudade toma conta de tudo que é meu e lembrei-me de você. Apesar da enorme distância que hoje nos separa ela também é mais um elo de ligação entre nossas almas porque ainda podemos partilhar idéias e sentimentos em cartas. Sabemos amiga que poucos escrevem ou falam de suas emoções. Retirei a armadura e escrevo hoje como forma de desabafo. As palavras parecem encontrar descanso no seu ombro amigo.
Tenho me sentindo oprimida, um peso no peito, uma dor quando respiro. Os espaços tornaram-se muito pequenos para minha ânsia de liberdade, o peso da responsabilidade hoje me devora.
Lembro-me amiga quando sentadas nas pedras podiamos sentir o vento que vinha do mar e juntas mergulhavamos dentro do horizonte ou ainda quando simplesmente ficávamos a conversar no fio da calçada ao largo das horas. Caminhar sem norte e a paz não existia porque ela sempre esteve dentro de nós. Sorrir e rir sem motivo algum, não parecíamos tolas, a felicidade era a ordem do dia. Não lembro de gritos, tão pouco palavras ríspidas, apenas ponderações divergentes. Eu não era ninguém, não era ainda um MULHER, não era esposa, não era profissional, era EU o que já era demais. Gostávamos de ler e escrever a qualquer hora e a toda hora, tempo não era problema. Meu coração era limpo, não vazio, simplesmente limpo. Não sentia fome, comia apenas para viver. Minha aparência não me preocupava, os cabelos cresciam exatamente no ritmo da liberdade que desfrutava. Era lindo!!!!!
O tempo passou e fui tragada por coisas que não partilho. Sucumbi as exigências sociais. Sou apenas mais uma na imensa cidade que não escolhi para viver, apenas para trabalhar e cansar. Agora vou dormir, descansar e abandonar esse tom de melancolia porque amanhã amiga é outro dia e como disse muito bem o poetinha (Vinicius de Moraes) "É MELHOR SER ALEGRE QUE SER TRISTE."
E para quem guarda lembranças como essas, só resta mesmo é ser feliz. Me perdoe pela chateação, mas sabe tem dias.....
Foi realmente muito bom escrever para você, sinto-me mais leve e meu coração agora bate em sossêgo.
Até as próximas linhas.

MARIA MARIA

domingo, 21 de março de 2010

Coisas de doméstica


Coisas da vida doméstica requer muita paciência, disposição para um trabalho infinito e muita humildade, já que não se tem reconhecimento algum pelo nobre feito. Hoje os homens, ainda poucos, partilham também dessa jornada sem férias.
Mas, mudando tom da palavra e fazendo uma reflexão rápida e superficial do intricado e complexo mundo doméstico, gostaria de partilhar com vocês algumas coisinhas de consumo caseiro que considero vantajosa. Alguns produtos tornaram-se sinônimos, vocês sabem disso. Quantas vezes, nos deparamos falando em comprar determinado produto como palha de aço e falamos Bombril, a marca. Tá certo que acabamos experimentando outras marcas, mas para mim, "o barato sai caro". E parafraseando o TIO SAM " time is money" .
Não é meramente figura de linguagem é constatação diária, cotidiana. Também facilita a compra, não perco tempo olhando outras coisas, afinal o tempo urge! E ir ao mercado , fala sério....!!!! Ninguém merece....
Só de lembrar na logística empreendida, fico cansada, trocando em miúdos: coloca-se os produtos no carrinho, enfrenta-se a fila do caixa, retira-se os produtos e coloca na esteira, empacota todos eles com cuidado, novamente coloca-se no carrinho, depois segue até o carro e retira do carrinho e coloca no porta malas. Já no recesso do sagrado lar, retira do porta malas, coloca no carrinho do prédio, sobe no elevador, descarrega na cozinha e finalmente ajeita tudo meticulosamante nos armários e geladeira. Ufa!!! só nós mesmos domésticas e domésticos para uma tarefa complexa que para muitos parece banal. Isso, sem falar no cuidado com os congelados e hortifrutis.
Então aí vai:
Sabão em pó, não tem como, para mim tem que ser OMO. (caraca!!!). Não estou ganhando nada com isso, quero enfatizar.
Molho de tomate só Pomarola.(pomodoro tomate pros italianinhos de plantão) Amaciante Confort; Alvejante Cândida; Limpador Multi Uso Veja; Desinfetante Pinho Sol; Esponja de Limpeza Scoth Brite; Fraldas Pampers; Leite Condensado Moça; Creme de Leite Nestlé; Leite em pó Nestlé; Requeijão Poços de Caldas; Manteiga Aviação (aqui ninguém tá preocupado com o colesterol)
Pessoalmente, a fidelização ocorreu porque a relação custo benefício é bem equilibrada, e o binômio necessidade e possibilidade também. É isso aí!
Achou um porre, faz de conta que não leu e deleta.....

quarta-feira, 17 de março de 2010

quinta-feira, 11 de março de 2010

A Boa Notícia



"A televisão me deixou burro muito burro demais"



Assim, como muitos estou esperando pela boa notícia. Os noticiários não tem contribuído em quase nada para uma informação construtiva, pessoalmente tenho sentido uma influência negativa e pesada. A importância social das informações é fundamental para a construção do perfil de uma população sadia física, econômica, política e socialmente. Contudo, a cada mês uma desgraça familiar (Caso Isabela, Susana Richtofen, a garota morta pelo namorado no ABC, o rapaz que arremessou seu filho do prédio etc,etc..) toma proporções gigantescas e afronta nossa capacidade de discernimento. Tem sido comum o medo de sair, medo de se envolver (desconfiança), enfim medo de enfrentar a vida. Só que a vida não é aquela que passa na televisão, aquilo é apenas um fragmento da realidade sendo transportado até as casas, mas infelizmente milhões de pessoas reproduzem exatamente o que ouvem e assistem nos noticiários. Isso tudo só tem somado para uma histeria coletiva de pessimismo e depressão. Notem como se explora demasiadamente temas como doenças, mortes, sequestros, acidentes, catástrofes e por aí vai. Não estou propondo alienação, apenas acredito que poderíamos ter um ganho maior se o inverso ocorresse: as informações positivas tivessem a mesma proporção. Certamente essas informações existem, apenas não estão ganhando a mesma importância. Ou será que estamos calejados de tanta notícia ruim que as boas passam desapercebidas?
Informações como iniciativas empreendedoras, idéias transformadoras, criações inovadoras, um mundo todo a ser descoberto, compreendido em uma nova dimensão de valores e aceitação. Precisamente tudo isso está acontecendo, é o curso natural das coisas: renovar, criar, descobrir. Agora basta ser amplamente disponibilizado e usufruído por todos e não somente por aqueles que tem acesso a boa informação, se não me equivoco.
Talvez, quando o apresentador dissesse BOA NOITE, não pareceria uma piada sem graça e acordaríamos mais confiantes para a jornada do dia seguinte.

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

FILHO II


Meu filho está crescendo tão rápido quanto seus cabelos. Rapidez também na capacidade de armazenar informações e conhecimentos. É uma cabecinha em franca expansão. Ele não é genial, apenas uma criança curiosa e bem enquadrada aos apelos do seu tempo.
Algumas vezes, me pego pensando que essa linda e divinal criatura (entendam, não porque é meu filho, mas por ser a expressão perfeita da natureza) se desenvolverá em um mundo estéril. Apenas com contatos rápidos e superficiais com a terra, a grama, pequenos insetos, animais, areia, água e tantos outros elementos. Acho que vai crescer sem nunca ter tido as unhas sujas de barro, as pernas e cotovelos arranhados ou ainda alguns pequenos cortes, bem se vê que isso são coisas do meu tempo de moleca.
Imaginem que até o parque que ele frequenta no clube da cidade é de grama sintética. (fiquei horrorizada)
Bom mesmo, era ficar o dia todo pelo quintal em busca de aventuras. Quem nunca fez experiências com produtos de limpeza da mamãe, colocando formigas ou minhocas dentro do detergente para ver o que dava. Fazer bolinho de água com barro nas panelinhas e enfeitá-los com florzinhas e folhas arrancadas do jardim. Brincar com pintinhos, era muito comum no meu tempo, qualquer evento que existia eles davam pintinho para molecada, sendo que na feira (coisa milenar, forma mais primitiva de comércio) também vendia patinhos, sempre que podia trazia algum para casa.
Sem esquecer, é claro, dos gatos e cachorros que eram sempre introduzidos na família e rapidamente reencaminhados o que é hoje politicamente correto.
No meu caso, cheguei também a ter um hamester, era uma graça, só minha mãe é que não achava, vai saber porquê? KKKKK.
No calor brincava com água, com o delicioso espirrador, hoje ele tem uma pistola d'agua com pressão modelão século21.
Fazia cabana com cobertores e lençois sustentada por cadeiras. Agora, o pequenito tem a barraca bem estilizada do Ben10, tudo pronto, que graça tem? Só ele sabe ou talvez eu é que não entendo...
Andava de bicicleta e colocava um pedaço de plástico preso com pregador no aro para fazer um barulho diferente. As melhores brincadeiras eram na rua, junto aos vizinhos amigos. Queimada, pega-pega, taco, esconde-esconde, mãe da rua, pular corda, e até o audacioso beijo, abraço, aperto de mão e tantas inumeráveis brincadeiras de toque bem humano ou seja sem o outro a bricadeira não acontecia. Já a minha figurinha modelo 21 pertence a toda uma imensa geração de filhos únicos e "brincar sózinho" ou com adultos é aceitável.
O meu rebento século 21, já pensa e manipula sózinho, com uma certa dificuldade, (dada a pouca idade) jogos e até programas no cérebro eletrônico: o paint é um deles.
As máquinas e toda tecnologia disponível já pertence ao seu mundo, assim como as bolas para gente como eu, do século passado.
Grande parte do tempo o meu garoto passa em ambientes fechados, quer seja dentro de casa, nos shoppings, na escolinha, piscina coberta e assim por diante....
Recentemente, os bichos foram vistos ao vivo e a cores quando estivemos no zoológico e parece que não foi assim tão interessante quanto para os pais babões do século 20.
Percebi que o aquário foi mais atrativo, afinal se parece com uma tela gigante.Coisas de gente do século 21.
Ps:Continuamos insistindo para que ele conheça todas as maravilhosas brincadeiras do século passado, afinal sabemos o quanto era bom!!!!!!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

80 80 80 80 80 80 80 80 1980 a década


Os anos 80 assim como nos 60 trouxeram em seus dias muitas mudanças e histórias que dariam um livro de perspectivas políticas, sociais, artísticas, estéticas e porque não revolucionárias. Mas simplesmente vou me ater a superfície de algumas experiências pessoais.
Lembro-me quando completei 18 anos e meus amigos da rua fizeram uma festa surpresa. Éramos um grupo grande de adolescentes que passavam noites inteiras conversando e rindo na calçada em frente à casa de uma amiga. Viramos o terror da vizinhança, que era composta por senhores aposentados que se ressentiam pelo barulho que fazíamos ou talvez pela nostalgia da juventude já passada ...
Nas noites de frio ou de calor nada mudava o ânimo de nos encontrar e reafirmar que o mundo nos pertencia, afinal, éramos jovens e tudo estava a nossos pés. Um horizonte infindável de oportunidades e descobertas sempre vistas com olhos esperançosos onde tudo sempre dá certo.
O viço da pele também era o das idéias, das primeiras viagens em bandos de amigos, das festas, das acaloradas discussões, dos amores juvenis cheios de eternas paixões que duravam até a próxima semana, de opiniões que se delineavam de acordo com a formação de cada um. Do grupo saíram os rebeldes, peões de fábrica, os reacionários, os intelectuais, os casadouros, os malucos incuráveis, os artistas, os homens de fé, donas de casa enfim toda sorte de perfil social.
Era muito comum caminhar de madrugada pela cidade, o terror parecia não existir e se existia simplesmente ignorávamos, afinal éramos super heróis geração 80. Quando os garotos começaram a trabalhar, todos ou pelo menos a maioria tinha moto, o que era um terror para as mães e a velha vizinhança . Passamos a sair sempre motorizados e naquele tempo (década de 80), sequer nos preocupávamos com capacete. Aliás, tudo era mais leve, porque íamos a praia ou a piscina e ficávamos o dia todo sob o rei SOL, e filtro solar só em conto de ficção científica, isso também valia para cinto de segurança, e tantas outras coisas... E posso afirmar que todos sobrevivemos e com poucos arranhões. Também não nos preocupava o politicamente correto porque tudo era correto! Era uma liberdade ingênua e "seguramente mais segura" que a atual. Ah! e tudo isso e mais muitas outras coisas, algumas até inenarráveis foram permeadas por muita música: o bom rock nacional, heavy metal, rock, rock balada, mpb, punk rock, mais tarde jazz e blues e tudo de bom que as sonoras ondas podiam nos proporcionar aos ouvidos. Créditos também para um jeans rasgado, um tênis sujo e uma camiseta com apelo político, musical ou qualquer outra coisa. Acredito também, que vale ressaltar que a grande maioria do grupo era da escola pública que apesar de dar sinais de desmantelamento da estrutura, havia ainda alguns oásis de conhecimento e cultura. Muitos de nós transitaram pelo mundo acadêmico sem grandes dificuldades.
Como se vê, celulares, pcs, netbooks, notebooks, wii, tatuagens, piercings e muitas coisitas descritas aqui ou esquecidas não fizeram a menor falta na nossa ritual passagem da juventude para maturidade onde a realidade nos encontrou sem grandes traumas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


A INFLUÊNCIA DOS VENTOS ALÍSIOS NA MENSTRUAÇÃO DAS BORBOLETAS AZUIS.


Leu , perdeu tempo? Viu ! Quanto se desperdiça em energia e tempo em coisas estapafúrdias. Lembre-se o mundo literalmente convulsiona estremecendo e jorrando em forma de lavas toda sua dor, haja visto terremotos, vulcões e por aqui as enchentes.
Ps: Tempos vazios, sem inspiração

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Excesso de simpatia


Amanheci simpática. Logo no primeiro encontro um eloqüente bom dia, com um sorriso emoldurado no rosto, afinal era um daqueles dias que não sei porque estava feliz. Antes de alcançar a rua, em casa, até ensaiei uns passinhos tímidos ouvindo uma música na cozinha.
No decorrer das horas, o inusitado estado de graça prevaleceu e assim foi na fila do supermercado, quando gentilmente cedi a vez para um senhor (não um idoso) que aguardava com pouco volume na mão. Coisa rara... Supermercado geralmente é muito estressante.
Na manicure elogiei seu trabalho e não perdi a oportunidade de notar o cabelo bem cuidado da moça. Conversei atenciosamente com um estranho a caminho do centro comercial. Dei informações sossegadamente as pessoas que me perguntaram e ainda todas as vezes que esbarraram em mim ou fui esbarrada, relevei gentilmente e em outras pedi desculpas.
Já no carro, no trânsito, com os temporais assolando a cidade, conservei meu bom humor e sempre que podia abria os vidros e trocava palavras solidárias e de incentivo com o motorista ao lado.
O dia realmente parecia belo, o céu azul, os passáros cantando, a vida resplandescendo em toda sua exuberância, pelo menos era assim que me sentia. Tudo a minha volta era perfeito. Nada poderia afetar o meu estado de graça. Exceto é claro até o momento que chego ao banco.
Raramente vou ao banco pessoalmente, mas nesse glorioso dia de congraçamento comigo mesma e com o próximo, fui obrigada a comparecer a agência.
Aguardando calmamente a minha vez até o caixa, e continuando na minha esteira diplomática e simpática, quando chegou a minha vez puxei um papinho com a moça do caixa. Nesse momento vejo desmoronar toda minha positiva disposição.
Não por questões financeiras ou burocráticas, mas sim pela minha óbvia indiscrição, ou melhor, eu diria pelo excesso de simpatia.
A moça do caixa era uma moreninha bonita e de formas arredondadas, inevitável não perceber nesse dia em que tudo e todos mereciam elogios, foi aí então que eu perguntei :
Para quando é o bebê?
O rosto da moça se transformou e imediatamente senti que havia dado uma colossal e imperdoável mancada. Imperdoável por também ser mulher e saber que jamais deve perguntar se a outra está grávida, com exceção do atestado médico ou exame de sangue comprovando o fato. Colossal porque parecia que a enxurrada estava me levando, acho que no fundo era isso que eu queria.
Enfim, a moça educadamente respondeu que não e eu saí arrasada o mais depressa possível daquele lugar.
Acabo de comprovar que realmente os bancos não tem uma energia positiva, é muita gente "urubuzando" grana.
Acho que foi isso....

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

SENSAÇÕES

Abri os olhos. O piso estava frio. Estou com alguma sensação. A ducha forte e gelada. O café sem graça. A porta rangeu. O trânsito um horror. O homem com a marmita. O primeiro Bom Dia do dia. O velho levanta os olhos. Digito um memorando. O lápis tá sem ponta. Olho para o infinito. Coça meu braço. Sigo no teclado. Algumas palavras vazias no ar. O banheiro ocupado. Fumaça no ar. A mesa está uma baderna. Sorrio para alguém. Tem uma mancha no vidro. O balcão está vazio. Mastigo uma bolacha.Telefone tocou.O relógio continua lá. A tinta acabou. A moça com a vassoura. Cheiro de ovo. A planta seca. Nada mudou.Unhas pintadas. Pastas coloridas. Música na cabeça. Roupa amassada. Atravesso o saguão. Dá o aviso. O barulho chegou. Alguém me escuta. Papel ofício. Estou com pressa. O estômago ronca. Relatório pronto. A conversa não flui. Viro a página. Silêncio. O sol entra. Está tudo molhado. Assino. Leio o livro. Ela está preocupada. A receita do médico. O cachorro late. Foi ríspido. Panelas no fogo. Mulheres ansiosas. Óculos na mesa. Se acham lindos. Recortam. Acendo as luzes. Estaciono mal. A máquina funciona. Profusão de cores. O lixo está cheio. Letras maiúsculas. Passo um creme. Engato a marcha. Desnecessário. Penso na minha mãe. Troco a escova. O vizinho não existe. A fruta está mofada. Minha bolsa cheia. A tv desligada. O vazio chegou. Prato sujo. Fecho a janela. Celular toca. O espelho engana. Sumiu. O lençol está limpo. Muitas saudades. A moeda está aqui. Me sinto só. Processo findo. Cimento no muro. A freada. Estão felizes. O cabelo embaraça. Penso, penso. Novamente o cheiro. Rádio alto. O sósia do Roberto Carlos. Chegou alguém. A palha de aço está enferrujada. A água está fresca. Não consigo. Papai está magro. Atravessou. Gordura no fogão. Documento sumiu. Não olhei para o céu hoje. Respirar dói. A conta está paga. Bola na trave. Está perfeito. Só amanhã. No momento não interessa. Chega acabaram as sensações. A porta fechou.

sábado, 23 de janeiro de 2010

Escatológico


Quem nunca proferiu ou disse algum que atire a primeira pedra. Devem saber à que me refiro: aos sonoros, eloqüentes e providenciais palavrões.
Sequer consigo imaginar alguém dando uma topada com o dedão e exclamando apenas: AI, AI AI!!!! Que dorzinha querido !!!!
Infelizmente ou felizmente existem situações onde apenas cabe uma "palavra" que define com grande propriedade a emoção, dor, surpresa , felicidade e alívio. Essa "palavra" com amplo espectro deve ser usada com uma certa parcimônia, aliás tudo que é realmente bom e eficaz deve ser usado a conta gotas.
Na batida do dia, acabamos fazendo uso desse precioso recurso da língua, nem sempre bem entendido, nem sempre aceito, mas muito bem vindo pelo menos para quem está dizendo.
É um alívio poder usar o "palavrão", o uso dele, quebra muitas vezes com a seriedade da coisa e confere leveza e informalidade a determinados momentos.
Entre amigos, então, é uma forma muito popular de comunicação e como estamos na era da comunicação, o palavrão deve e está muito em voga.
Não faço aqui uma ode a vulgaridade ou a violência verbal, apenas observações domésticas, despretensiosas.....
Passamos ao Sr Presidente LULA :
Em um dos seus informais discursos soltou "um" com grande eloquência referindo-se a situação do povo brasileiro, em suma ele disse que iria tirá-los da ........(escremento humano).
Também recentemente um médico relatando, em rede nacional, a condição de saúde da Sra Hebe nunca morre Camargo disse aos repórteres de plantão que a simpática senhora estava com ...........(diarréia), rapidamente o repórter fez a correção: Trata-se de um desconforto intestinal. Desfeito o deslize do nobre médico.
Mas que ficou engraçado ficou!!Duvido que alguém não tenha se surpreendido e dado uma gargalhada.
Reparem que até as substituições no texto ficaram assim, digamos pouco graciosas.
Francamente, temos que encarar a utilidade do popular palavrão. Nem tudo são flores, nem sempre o céu está azul, o mar realmente não é de rosas então, aí lá vai mais um palavrão!
MAS, ENFIM CERTAMENTE É TUDO MUITO HUMANO......

sexta-feira, 15 de janeiro de 2010

"CALAMARES EN SU TINTA"

Na verdade comecei a conhecer os prazeres da boa comida desde muito jovem, embora comesse muito pouco ou quase nada. Esse paradoxo, porém não limitou meu gosto pelos variados e maravilhosos sabores apresentados em sua maioria pela minha mãe.
Tudo começou na casa dos meus avós, onde mantinham, digamos, um refinado gosto pela boa mesa. Embora a casa fosse simples, meu avô não media esforços para manter uma mesa farta e variada.Foi através dessa experiência vivenciada pela minha mãe na casa de seus pais e mais tarde trazida até minha geração que conheci desde o trivial muito caprichado até as versões mais elaboradas. Das leguminosas aos grãos, das diferenciadas carnes aos peixes. Alcachofras e pimentões recheados, abobrinhas, berinjelas preparadas nas suas mais variadas versões, massas com molhos diversificados, além de carnes como cabrito, cordeiro, coelho e também bacalhau, mariscos e outros peixes e frutos do mar. Isso sem falar no milenar azeite,nas azeitonas, queijos e todo tipo de especiária e condimento. Meu avô, segundo a família, mantinha um forno no fundo do quintal de onde se originavam deliciosos pães, pizzas e outras invencionices culinárias; o velho Raphael gostava e muito, além é claro de ser exigente com minha avó que se desdobrava no cuidado com a casa, a filharada e em atender os caprichos culinários do italianão tosco, de grande coração.
Não me lembro muito do meu avô, apenas reproduzo aquilo que chegou até meus ouvidos, coisas relatadas pela minha mãe, meus tios e outra pessoas que desfrutaram de sua companhia.
Mas, uma receita em particular trago como recordação, porque naquele dia ocorreu um evento marcante na família:
A primeira vez que comi “calamares em su tinta” (lulas na tinta) foi numa dessas reuniões de família feitas na casa de minha avó. Minha tia (deliciosa figura) havia aprendido a receita na feira com uma senhora espanhola e resolveu testá-la junto á Paglucada. Essa receita entrou pro universo culinário da família, embora não tenhamos nenhum vínculo com a Espanha, exceto o meu tio que era filho de espanhóis e meus primos evidentemente eram netos.
Em um desses encontros familiares,o meu tio Bada (para íntimos) o caçula fanfarrão, brincando de girar sua "Petita", apelido da minha priminha, que deveria ter uns dois anos na época, acabou acidentando a menininha quebrando seu bracinho.
Pronto!!!! A Hecatombe estava instalada. Só me lembro de todo mundo condenando a imprudência marota do meu tio. Mas, como tudo sempre acaba bem nas famílias amorosas e unidas esse fato também entrou para o rol de boas lembranças, pelo menos para mim.
Quanto as lulas, é um prato de relativa facilidade no preparo e de grande prazer em devorá-lo.
E assim foi feito naquele dia e tantos outros, onde ainda podíamos reunir a todos.
Agora muitos dos personagens também são lembranças, saborosas lembranças dessa apetitosa família.

quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

ROTINA


Viajar é bom, revigora, areja e principalmente relaxa. Viajar demanda desprendimento, não há hora para nada, apenas para "VIAJAR", contemplar o novo, o inusitado, o belo. Adoro viajar, mas Deus sabe como é bom voltar pra casa, para a rotina. Hoje (talvez um pouco tarde) descobri segundo a minha lógica, nem sempre tão lógica, que também a rotina é necessária e faz bem, vejamos porque:
Cientificamente sabemos que o corpo mantém ciclos rotineiros ou regulares; ciclo do sono, digestório, hormonal, celular etc,etc, etc. Quando estamos vivendo na rotina não nos apercebemos o quanto importante ela é, apenas temos a nítida impressão que ela devora nossos sonhos, parece que vivemos numa gosma grudenta que aprisiona, quando isso não é toda a verdade.
De fato a rotina também tem seus méritos, nos traz equilíbrio, disciplina e porque não liberdade.
Liberdade como sabemos se conquista com método, com movimentos rotineiros e muita disciplina, contudo é preciso ter uma certa experiência para ter a devida noção e extensão da liberdade. Passamos os verdes anos gritando por ela, mas só a conquistamos quando empreendemos trabalho. Não um trabalho formal, mas sim de um processo que demanda um rotineiro e árduo trabalho emocional e diga-se em terreno fértil, da semente, da frágil muda, da pequena árvore até o amadurecer do fruto. Daí já se configura rotina, uma ordem universal, será isso mesmo? Também não sei, só sei que estou feliz pra caraca em voltar para casa, para minha rotina.
Posso concluir, com a mesma alegria da conquista da minha liberdade que rotina descansa, e é bom também.
Isso não é papo de véio não, porque quando eu chegava das minhas viagens há anos atrás adorava deitar na minha caminha e desfrutar do aconchego da casa dos meus pais.
É isso aí!!!

terça-feira, 5 de janeiro de 2010

Dona Zey



D. Zey é uma dessas mulheres altas, imponentes com grandes olhos azuis. Aliás azul é como ela vê o mundo ou deveria. D.Zey é de proporções generosas, generosidade que também partilha nas conversas, na compreensão do universo e do próximo.

D.Zey é sutil em suas observações, pode caminhar por sobre ovos porque é dona de um cuidado que ganhou com a rica experiência da vida.
A vida para D.Zey também lhe foi generosa em acontecimentos diversos, todos inusitados, desde os verdadeiramente dramáticos até os românticos. D.Zey demora mais arrisca, porque acredita, acredita sempre!!
D.Zey passa uma mansidão ímpar que preenche os espaços sedentos de tranquilidade.
Lê sempre e muito seja em português ou francês como era de se esperar de uma fina criatura. Sua leitura também é providencial em especial o Diário Oficial, (até rimou) que tornou-se no ocaso da profissão sua tarefa que cumpre com muita diligência.
D.Zey sonhou em ser freira, carpinteira, artista plástica, mas os revezes da vida lhe fez melhor, lhe fez: MESTRE.
Pena que D.Zey não foi minha mestra, a conheci já no deslinde da missão.
Não tem importância não D.Zey, foi um imenso e verdadeiro prazer conhecê-la.

Ps:Continua sendo um prazer.