sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O TEMPO É UM CANALHA


O TEMPO a grande convenção humana, senão a maior, a mais importante. Apenas constato os danos que ele me causa ou me salvaguarda.
O tempo me confunde, me deixa aturdida, não posso pegá-lo, só posso senti-lo.
 
Bla, bla, bla, bla..."O Tempo apaga todas as mágoas" "O Tempo foge" "Correr contra o Tempo","Tempo é dinheiro" "Há Tempo para tudo debaixo do sol" "Tempo me traz ansiedade" "O Tempo é amigo da morte" "Minimize o Tempo" "Tempo me envelhece", "Tempo amadurece" "Falta Tempo" "O Tempo Passa" "Maximize o Tempo" "O Tempo não para...."

Hoje estou sem tempo para divagar. Outro dia pensei em sincronicidade.
 
Olho no espelho, procuro uma calcinha que disfarce a barriguinha, estou de saída para casa de uma amiga, daquelas da canção do Milton, vou rápido, meu filho dorme é a deixa.
 
Enfim, no carro, à caminho sinto o apelo da publicidade, outdoor moça bonita de lingerie e eu indoor penso: "em meio a toda devastação do espírito humano, quiçá um pouco de gordura acumulada fizesse a diferença no mundo".
 
Deixo para lá o cartaz e acalento o meu ego sabendo do photoshop.Danado esse tempo,tá me sabotando!
 
Chego ao meu destino, sou recebida com aquele indefectível cafézinho amigo, foi aí então que minha companheira pediu que abrisse a gaveta para pegar alguma coisa, não me lembro, o quê? (a memória tem seus revezes).
 
Bom, revirando a gaveta encontrei uma foto já com as cores meio esmaecidas, dessas festinhas simples de criança que a mãe faz o bolo, a avó os docinhos , o pai manda pau na cerveja e a vizinhança toda chega pro parabéns. Não me fiz de rogada e tasquei a pergunta:
-É você Marga, segurando a criança da foto? Que linda!!!
Sorrindo, confiante ela devolve:
-Sou eu mesma;


O TEMPO É UM CANALHA!!






quarta-feira, 21 de outubro de 2009

HOMENS SOLITÁRIOS




Há dias um assunto me chamou atenção: homens solitários. Até há pouco tempo, eu mantinha a convicta idéia de que só as mulheres padeciam desse mal contemporâneo. 

As pessoas guardadas em suas próprias gavetas, dentro de seus armários ,em seus "bunkers" vestindo suas armaduras.

Descendo a escada do prédio (queimando calorias, se é que isso é possível) , onde moro, me deparei com um rapaz desses bem apessoados, convencionais do tipo pra casar. Bom, ele mora só, até aí normal. 

O único indicativo que me fez pensar que a solidão não lhe agrada é que ele levava carinhosamente no braço seu cachorro de estimação.

Já tô sendo pretensiosa, (tão vendo?) mas creio que o homem, não o gênero, refiro-me á espécie é um ser social, embora nasça sózinho e parta dessa na mesma condição; .

Outro, também que faz parte do meu pequeno rol de conhecidos, é simpático do tipo boa praça mesmo, adora viajar, mas vive só e dia desses "meio breaco" confessou que a solidão o atropelou.

Ainda conheço sujeito do tipo intelectual, meio chatinho confesso, grande escriba, viajado e viajante, boa pinta que também como João Batista grita só no deserto.

Daqui do meu mundinho doméstico, cheguei a conclusão que:
Arre!! Caramba!! Talvez esteja na hora deles,os homens solitários, descascar suas vestes de cebola.E eu se estiver equivocada, me perdoem e voltarei com prazer e resignada à cozinha para descascar minhas próprias cebolas.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

65 e não 69


O ano era 1965 e pelo que eu sei acontecia uma revolução cultural no mundo, particularmente com as mulheres que passaram de donas de casa à dona das casas.Queimaram muitos soutiens, viveram o amor “livre”, escutavam bossa nova, rock and roll e coisa e tal...,
Foi aí , então que à fórceps (digamos que estava resistente a idéia de abandonar o útero da mamãe) eu nasci em meio a essas novidades, com os cabelos espetados, já rebeldes, não é engraçado?Segundo os que ainda estão comigo era daqueles bebês de enlouquecer, não parava de berrar ao mundo.
Também fazia parte daquelas estatísticas das mães que diziam “meu filho não come doutor”, o que eu faço?
Mamãe era do tipo romântica sensível e extremamente dedicada, acho que vou deixar para falar dela mais tarde.
Voltemos ao ano do meu nascimento, o mês era abril, precisamente 21 de abril, muitas coisas aconteceram nessa data como devem saber, (Tiradentes,Inauguração de Brasília, Rede Globo, Hitler), outono era a estação do ano, talvez seja por isso que eu tenha esse temperamento outonal, embora muitos não concordem. Sabe o outono tem uma luz magnífica e ao mesmo tempo é tristonho, acho que é porque as folhas murcham e morrem, não sei ....
A ditadura no país se fortalecia, os militares ufanistas se deleitavam com a perseguição e a censura, limitando ou melhor querendo controlar o que o homem tem de mais íntimo e precioso, O MUNDO DAS IDÉIAS.
Incrivelmente ou melhor paradoxalmente, nunca se produziu tanto no mundo das artes brasileiras, tanto em qualidade como em quantidade.
Quanto a mim, continuei enlouquecendo meus pais, marinheiros de 1º viagem, até o final daquilo que chamo primeira idade por volta dos seis ou sete anos quando a gente entra pra escola.
Até então, brinquei muito, assisti muita televisão, todos os enlatados disponíveis: A Feiticeira, Jeannie, Túnel do Tempo, Terra de gigantes, Perdidos no Espaço, Viagem ao Fundo do mar, Spoke (Jornada nas estrelas), Disneylândia, há! esse aqui quando eu assistia, sabia que era dia de comer pizza, depois anos mais tarde, muito mais tarde vim a saber que passava de sábado, era eu ver o castelo soltar fogos em volta e pronto lá vinha a pizza, eu adorava é claro!
O meu quintal era um verdadeiro terreiro de experiências, onde eu aprendi muitas coisas, não era muito grande, porém tinha um pouco de tudo, árvores, galinhas , patos, louzinha, gatos, minhocas, passarinhos, balança,parreira de uvas,quartinho de bagunça dois, tonquinha ou velotrol,casa de abelhas, tartaruga, rosas, gramado, baldes, água, mangueira, era show tudo o que se precisa para viver o melhor.
A casa era térrea e tinha janelas bem baixas e cansei de pular janelas, era muito mais legal que entrar pela porta, concorda?
Andava de "bici" entorno da casa que tinha corredores laterais, era bem bacana, só não sei se minha mãe gostava, as paredes viviam detonadas.
Dentro de casa fazia cabana com cobertores, comia mandiopan, e tomava leite, muito leite até hoje sou viciada em leite e seus derivados, dizem que cresci só tomando leite ,que como já disse lá atrás eu não comia nada.
As fotos não contestam era um palito cheio de energia, pronto para queimar até ao fim.
Esconde- esconde, pega- pega, trepa- trepa, pular corda ,teatrinho piscininha rabiscar livros da casa, paredes, enfim BRINCAR!!!!!!!Isso é que chamo de vivenciar o lúdico, svm....
E assim começou minha estadia, no planeta, cheia de altos e baixos
e baixos
e baixos e
baixos....

Constrangimento


Fiquei meio constrangida a princípio de escrever e manter um blog, já que me deparei com todo tipo de formação e demonstração intelectual muito diferente da minha, se é que posso afirmar que tenho alguma, ””quanta pretensão””...
É na verdade mais um caderninho de anotações que vai desde reminiscências de um passado não muito distante, receitas de bolos, números de telefones e outras do gênero.Terapia para uma dona de casa que não tem grana, tempo e disposição para submeter-se á análise de um profissional, então passo a escrever essas mal e porcamente traçadas linhas.
Que me perdoem os exigentes parceiros da escrita e leitura, mas lá vou eu.....(Ouço Credence e meu filho dança em cima da mesinha do carros) deu pra sentir,não é?