quarta-feira, 5 de dezembro de 2018

A CHUVA









PLOC PLOC PLOC escorre  a chuva nas folhas
O canteirinho com plantas crescidas em meio ao mato rebelde, se resfetela com a molhaceira.
A chuva canta poderosa e luzes azuis cortam o cinza molhado do céu.
O varal barrigudo "prenho" de roupas pesadas irrita a dona de casa. No chão limpo, as marcas barrentas dos sapatos enchuvarados.
Os guardas chuvas parecem ter vida própria, saem correndo com pernas molhadas e colorem as ruas. 
Molha as meias e pequenos redemoinhos carregam o lixo para os bueiros.
Nas cachoeiras urbanas as coisas boiam e tudo flutua.
Nos vidros embaçados temos telas onde desenhamos bobagens e mensagens que evaporam junto com a vida.
A chuva borrifa um spray de alegria.
Refrigera a vida e por alguns momentos escorre a angústia abafada no peito. 
Respiro leve e limpo.
O ônibus está atrasado e o sol apareceu.


PARA ANDRÉ