domingo, 25 de dezembro de 2011

terça-feira, 29 de novembro de 2011

Bobeiras, Bobagens e Besteiras









Sou o tipo da pessoa que adora fazer uma bobeira, outro dia estava pensando se é possível alguém ser tão sério e perfeito todo o tempo. Ou melhor, se é possível alguém se levar tão a sério.
Dia desses estava fazendo uma das minhas "performances", quando percebi que tinha platéia:
A vizinha conseguia me ver da janela e olhava com um risinho conivente. Eu de calcinha e soutien, descalça e descabelada já que acabava de me levantar. It's raining man era a música tema, o resto dá para imaginar....
Eu não me intimidei e pensei: Será mesmo que o Obama, a Angelina, o Brad e porque não a vizinha, não se dão esses momentos de puro deleite? Será que na intimidade do chuveiro e do vaso sanitário, eles também não fazem suas bobeiras?

Sei lá, acho que todo mundo merece seu momento besteirol. Acredito que não há coisa melhor do que ser você mesmo, é tão prazeroso e inspirador.
Dentro de casa, posso ser o que eu quiser, pensar o que eu quiser, emitir qualquer tipo de opinião, enfim, posso ser definitivamente livre do politicamente correto e fazer uma graça, porque graça para ser engraçada é no mínimo politicamente incorreta.
Não sou obrigada a pensar como os outros querem, ou engolir goela abaixo o que eu não concordo.Também por isso, talvez eu seja minoria e como tal mereço respeito, smj.
Bom, voltando as bobeiras, acho que não passa uma semana, sem que me pegue fazendo alguma palhaçada: ensaiando dancinhas malucas no corredor, patinando de meias, rebolando desengonçada ou saltitando fazendo um solitário padedê. Confesso: estou mais para patinho feio do que para cisne.

No espelho, empunhando minha escova de dentes, faço uma cachoeira enorme de espuma, caretas debochadas: caramba espelho é uma coisa impressionantemente re-ve-la-do- ra.
Soprano (frustrada), canto histriônica pela casa óperas de conteúdo profano, com aqueles palavrões que lavam a alma, êta coisa boa!!
Adoro cantar, parodiando clássicos de um jeito "muito especial", sempre adaptando ao contexto do dia.
No auge da minha eloqüente bobeira; invento meu próprio vocabulário para definir coisas: sputza (fedor) zumbi (nádegas ou bunda como queiram) estrumbungado (estrupiado)etc..

Enfim, tem gente que bebe, outros fumam, outros comem chocolate, outros correm, outros ainda fazem tudo isso ao mesmo tempo e muitos como eu devem extravazar suas neuras de formas pouco ortodoxas. No fundo todo mundo quer mesmo é relaxar.

Pena é que ainda acreditam que relaxar é uma bobeira, bobagem ou besteira como queiram....

Eu acho que o Luciano, o Hulk certamente diria assim: LOUCURA LOUCURA LOUCURA.

segunda-feira, 31 de outubro de 2011

VIAJAR



Definitivamente não são as fotos perfeitas, nem tão pouco imagens gravadas ou quinquilharias que trazemos na volta.



O bom de viajar são os pequenos momentos, imagens passageiras que correm pela janela do carro ou do avião: como quando uma nuvem toma forma de algo inusitado, celestial mesmo. Ainda, algum momento onde palavras inesperadas são ditas e ficam ecoando na sua cabeça por anos á fio, algo que somente acontece quando você vive seu momento de puro hedonismo.
Você se desprende, solta o lastro e pode realmente sentir o vento e perceber as nuances do azul do céu ou do verde do mar e da mata.
O seu contato com o planeta torna-se mais próximo e perfeito. Existe toda uma atmosfera de encontros: com você mesmo, com tudo aquilo que tem vida, enfim uma alegria sem euforia, apenas alegre por perceber que a vida entra por suas narinas. Fica tudo tão mais simples...
O ideal seria viajar todos os dias, pelas ruas que percorremos indo trabalhar, fazer compras, visitando parentes e amigos, mas nesses dias rotineiros, esqueço que a vida entra pelas minhas narinas, aí então tudo torna-se muito chato e estressante.

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Hoje eu acordei mais filósofa do que nunca.
"Encarar pesadas decisões e assumir suas consequências torna você mais leve, quase etéreo..."
M.A.A

terça-feira, 6 de setembro de 2011

TPM

Uma dorzinha fina no peito; o coração apertadinho, começava mais uma daquelas semanas...

A calcinha apresentando borrões escarlate de Dali com dúbias interpretações.

Minha cabeça confusa, a lágrima bamboleando na pálpebra e a porcaria do absorvente tinha acabado. O caos se instala, avassalador.

Margarida despetalada em crise: me amo ou não me amo? Meu momento bipolar, em segundos escorrego do riso para o pranto. Sou a mais horrorosa criatura do planeta, feita de edemas e mal humor. Os pés no salto alto e o batom não resolvem; já que a barriga explode voluntariosa.

Rachada como a terra do sertão; aveludada como uma pétala. Pronta para o bote e aberta para rebote.

Eu sei, eu sei, EU NÃO INVENTEI A VIDA, sou a culpada de tudo.

SOCORRO!!!!!!

Não adianta nada, nem propaganda de absorvente mostrando belas moçinhas em vestidos floridos, se eu olho no espelho e me deparo com olheiras, porque é só isso que restou do rosto, um espectro do crepúsculo.

Penso em ficar largada de pijama o dia inteiro zapeando a tv até o dedo fazer bolhas. Enfim, fico pensando como puderam fazer isso comigo, um laboratório de hormônios flamejantes em ebulição, mas podia ser mais simples, mas não é.

Queria ser o Benito de Paula e martelar o piano para eu não escutar mais nada, apenas o meu coração em TPM.

Suspiro gostoso, aliviado, agora tá passando....agora tá passando....

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Gordos



Cansei de ler, ver e ouvir o gordo ser crucificado. Como se toda a regra fosse a doença. Deixei o ranço, a gordura, a graxa de lado e por detrás da armadura revalidei o que já pensava:

Gordos são como nuvens: macios, fofos, leves, rápidos e bonitos de se ver.
Leves porque permitem-se travessuras e se lambuzam do que gostam, "sabem que toda brincadeira não devia ter hora para acabar."
Naturalmente diets e super, super lights.
A forma mais perfeita do universo; gordos são encantadores, enquanto redondos, circulares.

Gordo é sempre ponto de referência, porque se destaca na paisagem sem fazer esforço, é naturalmente celebridade. E viva o gordo!!
Gelatinas bonitas de cores vivas, transparentes, fresquinhas, saudáveis e saborosas. Gelatinas que se espremem por roletas, bancos e assentos de aviões.
Destemidos os gordos enfrentam com graça a possibilidade do peso de qualquer envergadura.
Gordos tatuam sorrisos em seus rostos, também isso não é verdade para todos, mas para a maioria, eu acho.

Afirmativo, gordos são ágeis por que não?
Amigos que dançam com desenvoltura, surfam nas ondas e nas calçadas com skates, são velozes também no raciocínio. O cerébro funciona feliz, é "endorfa" pura, satisfação sem dieta.
Equilibram-se em pés estofados de unhas miúdas, bem curtinhas. Portam mãos graciosas que movimentam com habilidade facas, garfos e copos como só aqueles que já nascem sabendo a arte das boas maneiras.
Nada de coisas pequenas, mesquinhas, tudo é generoso no gordo: tamanho, amplidão, espaço. Deixemos o lugar comum: colesterol, diabetes, sobrepeso, dores nas articulações etc etc etc e encaremos a visão saudável, rosácea, embora a literatura médica e as correntes modernas digam o contrário.
Do imaginário dos contos, lendas, fábulas, histórias e historietas repousam as simpáticas e envolventes figuras redondas e fartas, jamais os encovados magros de olhos profundos.
Um amigo gordo é certeza de espaço no ombro, sensação de leite morno na pele; é conforto puro de quem sempre tem lugar para si e para o outro.
"Dentro de um corpo magro cheio de culpa, existe um gordo a ser libertado."

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

Caixa de emails

Fiquei apavorada, minha caixa de emails estava vazia, aquele branco vazio passou a compor a minha aura do dia. Ninguém absolutamente ninguém se interessava por mim, nem sequer um spam ou site de compras, o que houve meu DEUS???!!!!!

Ninguém copiava meu nome para passar pps com palavras de carinho, alento eletrônico, correntes milagrosas, piadinhas que não ultrapassavam um pio. Não estava em nenhuma rede social, ninguém me adicionou, nem o desconhecido e distante parente da minha faxineira. Entrava em um buraco negro, eu de um lado e as pessoas de verdade de outro.Tinha que estender uma ponte para a vida real, mas como, como, fazer???

A luz do monitor brilhando no rosto por muitas horas e dias a fio, SOL? Nem pensar....

Compras na internet, há tempos nem empurrava um carrinho fedido de compras com as porcarias das rodinhas emperradas pelo mercado.Virou saudade.

Conversas só pelo monitor e torpedinhos ou melhor peidinhos pelo celular (pelo menos não tem cheiro). Ria só pelo teclado e dessa maneira: KKKKKK e chorava assim BUABUABUA.

Passei horas cataléptica, era meu fim. Eu não tinha uma vida virtual, só me restava agora encarar de frente as pessoas, eu não sabia mais como fazer pessoalmente. Imediatamente liguei para todos os que conhecia e na intenção de retomar contatos calorosos verdadeiros, oxigenados. Tudo em vão.

Pensei em enviar uma imagem holográfica da minha pessoa para ver se lembravam de mim e também dessa forma incomodaria menos, afinal me fizeram acreditar que pessoalmente tem sido muito perigoso. Posso encontrar alguém manifestando alguma emoção: triste, feliz, zangado, exalando algum odor, emanando ondas de frio ou de calor, o negócio é continuar atrás do monitor, pensei...
O mundo todo estava na rede.

Não me dei por derrotada, enchi meus pulmões e resolve alcançar as ruas e qual o quê? Ninguém olhava mais para ninguém todos estavam com seus celulares, iphones, laptops, tablets ou qualquer outra coisa do vale do silício conectados em alguma coisa, algum lugar ou então alguém virtual.

Por que convenhamos, ninguém atrás de uma mensagem é real ou verdadeiro.

Por fim, exausta me recolhi na minha lúgubre caverna, na espera da campainha tocar, e eu retomar a minha vida social com a presença corpórea de gente de verdade.

Será que ainda tocam a campainha?



No aguardo, no aguardo no aguardo.

segunda-feira, 18 de julho de 2011

ANTES DE ME CASAR, EU TINHA UMA TEORIA SOBRE CRIAÇÃO DE FILHOS.AGORA TENHO UM FILHO E NENHUMA TEORIA.
John Wilmot,Conde de Rochester

APOSENTADORIA

Ela chegou a passos lentos e pesados, mas enfim chegou...

Agora que ela está aqui não sei muito bem o que fazer, exceto aproveitar para dormir mais, mas é só isso, me perguntei?

Havia me disposto a caminhar, a descobrir novos lugares, a ter outros e instigantes mistérios a desvendar e principalmente mudar o assunto, assim que ela chegasse. Ocorre que ela já está aí e eu ainda não sei bem o que fazer. O desejo por ela era tanto que quando chegou eu me perdi em tantas perspectivas novas. O horizonte enfim tinha se alargado. Contudo, eu parecia continuar atrelada as antigas cantilenas, parece difícil romper com 30 anos de rotina. Quebrei os grilhões e agora vou me soltar na vida, resta saber que vida é essa nova vida que despontou com a chegada dela. Eu tenho que finalmente me posicionar e decidir o que fazer com minha "liberdade ainda que tardia".

A poltrona da sala ou os solavancos do banco do carro em direção a primeira viagem na rota 66?

A casa aconchegante, cheirando a bolo ou uma academia ou qualquer outra atividade física rescendendo a euforia jovial?

Meus livros, poemas ou saraus na noite com amigos embriagados de música e poesia?

Patinar na cozinha com detergente ou enfiar os pés na areia fofa da praia?

Plantar flores ou limpar a poeira das margaridas de plástico?

Fico até sem ar, é tudo tão novo e enebriante.

Quem sabe, quem sabe escrevo o "meu livro", e me apoio na escrivaninha que eu mesma fiz com minhas habilidades de marcenaria até então adormecidas.

Estou feliz e isso me basta, tenho para comigo que hoje o tempo é realmente meu aliado, portanto, ainda posso me dar ao luxo de pensar o que fazer com ela.

Ah!!! Já ia me esquecendo ela é a aposentadoria.

Na verdade esse texto foi inspirado em uma amiga que se aposentou a cerca de 1 ano, espero que ela tenha conseguido se voltar mais para si e realizar seus próprios sonhos.

sábado, 18 de junho de 2011

TRUTAS




Existem algumas coisas que uma jovem senhora, como eu, deve manter no esquecimento. Mesmo assim, algumas passagens da adolescência, que vivi ao lado das minhas companheiras na Guerra e na Paz merecem ser revividas. Paixões avassaladoras, depressões abissais e segredos inconfessáveis compartilhados intensamente entre nós.
Ceci, a meiga portuguesinha branquela, pé de santo, todo mundo chegava e dava um beijinho e Dinah a magrelinha engajada, brasa encoberta sempre acompanhada de um cabeludinho intelectual.
Aliás, todo o namoradinho que elas arrumavam, eu acabava de alguma forma sendo vítima das malfadadas baladas como podem ler.
Na volta das noites brilhantes e agitadas e outras nem tanto, Cecília sempre que podia optava em comer, enquanto Dinah e eu, nos apressávamos em tomar banho.(as magrelinhas, comer pra quê, né?)
Andávamos juntas pelas ruas, festas, bares, algumas viagens e “pasmem”: Centenas de paqueras em nossos corações de eterno flerte; garupa de moto; leituras, teatro e cinema alternativo.
Além do universo acadêmico que imaturamente aos 17 anos já fazia parte da nossa rotina; transitamos por dezenas de lugares e eventos bem característicos da época.
A grana era curta, mas a agenda...Agenda cheia de segunda à segunda, com chuva ou sol, frio ou calor, lá estávamos nós três Mosqueteiras: uma por todas e todas por uma.
Sesc Pompéia com a Fábrica do Som onde foram revelados grandes nomes do rock nacional(barão vermelho; cazuza; titãs); Queen no Brazil (1º show internacional de rock no Brasil) Show do Raul Seixas no Palmeiras; Reencontro do festival de Águas Claras; dançamos no Radar Tantã; Clash; Rose Bombom; Madame Satã e outros;
Caminhamos pelo bexiga na 13 de maio e em Santo André na Feirinha hippye; Zero Hora; Sorveteria Sem Nome; e onde mais havia festa e gente pra trocar um furado. Sem contar coisas que já não lembro mais, infelizmente...
Bom, teve uma vez que havíamos combinado com a galerinha (uns trinta micróbios) de fazermos trilha em Paranapiacaba (área de preservação de Santo André), enchemos um vagão de trem e fomos felizes até nosso destino.
A Dinah havia arrumado um namoradinho e não sei por que cargas dágua, a roupa de banho do menino foi parar na minha mochila. Foi o suficiente para uma verdadeira hecatombe doméstica, minha mãe que não aliviava em nada, pegou pesado falando uma série de coisas desabonadoras sobre a minha já arregimentada moral, acabei mal sem chance de explicar que o calção era de um amigo.
Aprendi que não se deve julgar, embora todas as provas apontassem contra mim.
Hoje, após 2 décadas, onde a liberdade foi substituída por responsabilidade e cabelos escuros por brancos, resistimos em nossa cumplicidade ainda que claudicante os eventos.


Afinal, uma vez mosqueteira sempre mosqueteira.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

terça-feira, 17 de maio de 2011

INTERNAÇÃO

Estou vivendo uma semana muito ruim, ou melhor revivendo coisas ruins. São sete noites intermináveis no hospital, aguardando resultados, escrutinando todos os passos de médicos, enfermeiros, fisioterapeutas, nutricionistas, agentes de limpeza, serviço de alimentação etc... Não tinha nada mais para fazer a não ser isso, mergulhar no mundo hospitalar e tentar compreender a dinâmica de tudo aquilo.

Por fim, o sagrado se despe e revela-se na forma da vida e da morte, isso é o hospital. O presunto desovando pelos fundos e os bebês saindo pela recepção e no meio disso tudo alguns relutantes de pijamas circulando com seus soros pelo corredor.
A minha hora do recreio é visitar o berçario, acompanhei todos os nascimentos da semana, cabecinhas cabeludas, carequinhas, bonitinhos, feiosinhos, magrelos, rosados, amarelinhos de icterícia, todos trêmulos e chorando, novos destinos se delineando.
A semana parecia começar como outra qualquer, mas não era. Acho que é assim que a vida nos surpreende, o que parecia normal, tomou um outro rumo. Meu pai, o master man, o inabalável , nos deixou em maus lençois, o fato é que o velho cabeçudo relutou em procurar o médico e...aqui estou eu com vontade de sair correndo, imagino ele. Eu que tinha aversão, ojeriza, pânico de hospital, estou agora recolhendo meus cacos, mas convicta da providencial atenção hospitalar, enfim o véio está em casa e pronto para outra, quanto a mim, acho que vou me internar, preciso descansar dessa maratona insalubre.

quinta-feira, 5 de maio de 2011

MÃE 31 II








Mãe 31 que carrega no ventre, depois colado junto ao peito, mais tarde no colo e agora de mãos dadas e daqui a pouco caminhando longe das minhas mãos rumo ao mundo!
A cada dia, um novo broto verdinho saudável pontuando a vida. Brotos em forma de novas palavras que somando-se formam um vocabulário assombroso para quem outro dia apenas balbuciava. Hoje mesmo tabulou uma conversa sobre animais em extinção, pode?
Novidadeiro, caminha altivo cheio de si, visualizando um horizonte infindável de possibilidades de um mundo novo, mundo de 04 anos.
Fraldas aposentadas, dando lugar ao banheiro respingado e muito papel enrolado sem uso adequado, mesmo assim meu orgulho transborda, feito vaso sanitário entupido.
Gente!!!! Meu menino se veste sózinho:
Vejo lindo e estiloso meu rebento; apenas em um olhar nota-se em suas roupas um modelo da SP Fashion Week, só ele mesmo entende a composição da vestimenta. Acho que Glória Kalil diria: chique! Eu tenho minhas dúvidas...
uma mãe 31 pode perceber uma “sutil” aptidão artística do filhote. O meu apresenta lindas obras gráficas que espalha pela casa em forma de primorosos desenhos coloridos nas paredes, móveis e em todo lugar que o artista possa criar. Limpo tudo, contrariada, confesso, mas apóio o próximo Leonardo, por que não, sou mãe 31!
Eu mãe, ainda tento reverter coisas que a natureza já decidiu, coisas inatas:
É sem dúvida um engenheiro, buscando soluções em brinquedos meticulosamente abertos e destroçados,espalhados em todos os 4 cantos que conhece do seu mundo:a nossa casa.
Cheio de atitude, sabe o que quer: Feijão jamais e chocolate sempre, ainda que mamãe insista no cardápio saudável.
Feliz em ver o meu infante se especializando em estripolias que traduzidas na língua das mães31 significa pura saúde.
E na esteira da suprema resignação me desmancho 7 dias da semana, 24 horas por dia, totalizando 31 maneiras de ver o meu mais perfeito projeto continuar se desenvolvendo na esperança de um mundo melhor.
AH! JÁ IA ME ESQUECENDO, TODA MÃE É PRETENSIOSA

terça-feira, 19 de abril de 2011

FREGUÊS

O Homem do saco povoa a imaginação de muitos da minha geração, quem nunca ouviu uma história do homem do saco. A minha historieta é verdadeira e segue exatamente como eu me lembro:


Tínhamos um “freguês” que aparecia na porta sempre no mesmo horário em busca de um prato de comida. Nós e alguns da vizinhança éramos solícitos ao pedido do nosso exótico cliente de cabelos desgrenhados, unhas sujas e roupas igual, mas que conservava um quê de simpatia. Até seu cachorro, fiel amigo, parecia sorrir simpático. De alguma forma, sabíamos a trajetória de vida do nosso freguês e a partilhávamos. Quando o digno cidadão não aparecia, sentíamos a sua falta.


O nosso freguês fazia pequenos serviços de jardinagem, aparando a grama, podando as roseiras, fato esse que o tornava delicadamente especial e inesquecível.


Ainda, na contra mão da mesmice, ele não era bêbado, tão pouco um marginal, aliás caminhava longe da maldade, enfim destoava...


Nunca soubemos de alguém que tivesse receio do nosso homem do saco, era mais um conhecido do bairro, meio esquisitão, mas era só isso. Um ser inocente.


Hoje, personagens como o antigo "homem do saco", são invisíveis, mas, estão por toda parte, transitam ou perambulam em meio a nossa caótica vida. Não há como negar a presença “ectoplasmática” deles.


Contudo, sequer podemos descrever algum detalhe físico dessas figuras que garimpam nas ruas, reciclam o lixo, sustentam placas vendendo ouro, limpam banheiros, mesas e varrem o chão, sem falar dos seus inconfundíveis carrinhos de carga sempre carregados de algo que já fez parte de nossa vida. (versão do saco século XXI)


Bom , quanto ao nosso antigo "freguês" de olhos vivos e espertos, continuou por muito tempo a visitar-nos, deixando um rastro de curiosidade por onde passava, afinal o homem tinha um saco de histórias, vivia coberto pelo céu, era intímo das plantas e sempre andava para frente.


Uma única vez laconicamente manifestou que foi sua opção viver da "caridade de quem lhe detestava"(Cazuza).


Quando atendo à porta ou campainha sinto quase que uma ameaça, um sinal de perigo, o meu "freguês" foi abduzido por algum alienígena e nunca mais voltou e na minha porta só encontro hoje o medo.

sexta-feira, 8 de abril de 2011

Sorrir com os olhos



Dentre as manifestações faciais, sorrir é uma das mais fascinantes. Há grande diversidade de sorrisos encantadores, mas sem dúvida, quem sabe sorrir mostrando os dentes despudoradamente e com estrelinhas nos olhos, haaaa.... não é bonito é lindo!!!!!

Na linha de Sorrisos temos aqueles nervosinhos, meio rápidos, quase um espasmo. Ainda há o Sorriso do bocão que te engole de alegria. Sorriso de quem nunca fecha a boca, sorri sempre.

Sorriso sem graça, que equivale a uma desculpa. Sorriso simpático que quebra barreiras. Distraído, Sorriso com um pedaço de verdura nos dentes.

Aquele Sorriso invasor que penetra e aquece a tua alma. Sorriso que se espraia no ambiente. Sorriso debochado que também figura na linha dos meus preferidos.

Sorriso tristonho, um pedido de ajuda. O popular Sorriso de cachorro, quem pode dizer o contrário.

Sorriso de bebê é irresistível. Também o Sorriso do banguela, que sempre nos faz sorrir.

Vitória, Sorriso da conquista. Sorriso de desdém, que dá de ombros.

O cúmplice Sorriso amigo. Sorriso seguro é daqueles que se garantem.

Sorrisos de Sol, não preciso falar nada... Aquele que começa na lágrima e acaba no Sorriso.

O Sorriso nicotina, levemente manchado. Curinga Sorriso famoso. Sorriso intrigante, nunca sabemos o que está por trás. Sorriso de quem mascara a dor.

Sorrisos daqueles que nunca sorriem, apenas repuxam as laterais dos lábios, mas é um sorriso.

Sorrir é realmente divino, não importa de quem partiu, empresta beleza nem que for por um segundo apenas.

Ah! sim já ia me esquecendo o enigmático famoso Sorriso "dela ou dele" a Monalisa.

O meu Sorriso , o teu Sorriso.

Hoje me alegrei com um sorriso.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Mudanças


A morte de Elisabeth Taylor me fez retomar algo que havia abandonado, mas que sempre voltava á baila em meus pensamentos. Acreditei ou me fizeram acreditar que os grandes mitos nunca envelhecem ou ficam doentes, feios e débeis.

Mitos adorados, imitados, ao longo de sua trajetória acabam tornando-se um espectro de sua própria imagem. A imagem da fragilidade humana que inevitável vem a reboque com a velhice.

Não percebemos o quanto mudamos ao longo da vida, nesse aspecto só temos olhos apenas para os outros, mantendo comentários de como fulana ou siclano está gordo, usando próteses dentárias ou feio.

Na solar década dos vinte anos, nem remotamente em um recôndito qualquer da minha mente pensaria em velhice, doença e tão pouco morte.

Nunca as mudanças me alcançaria, meu corpo pemaneceria eternamente rijo, coberto pela tez rosada, e sempre apto a qualquer exagero que prontamente se restabeleceria.

Refletindo, na minha quarta década de vida, (antes tarde do que nunca) compreendo que estou mudando, meu corpo não dá as devidas respostas, embora meus pensamentos insistam em permanecerem os mesmos de décadas atrás. Talvez seja uma resistência natural, sei lá .....

Evidente que a atitude diante da vida é outra, algo mais prudente, cálido como um pôr de sol bonito, entrando em um processo irrevogável de melancolia e muitas lembranças de um passado "recente".

O lugar que ocupo hoje, na trajetória da minha vida é aconchegante, pacato e confortável. Não é como um mergulho vigoroso em uma grande onda, sentindo a água invadir as narinas e voltando à tona com uma indescritível e inesgotável energia.

Não percebi que o tempo passava, na verdade fui tragada pelas montanhosas e inúmeráveis mudanças das duas últimas décadas.

O MUNDO É OUTRO e tudo em tão pouco tempo. Ando e andei ocupada em manter-me na tônica do dia, driblando todas as mudanças dessa nova sociedade.

Nesse instante, penso em permanecer dentro do possível palpável, bem. E continuar com dignidade até lá, onde os ventos fazem a curva.

terça-feira, 25 de janeiro de 2011

FERIADÃO DE PAULISTA

O mar era sim um mar de gente. Disputamos um lote por usucapião na areia em meio ao som ensurdecedor de músicas de axé, sertanejo e outras coisinhas....Ah! sem contar os helicópteros no resgate dos mais afoitos em curtir até o último segundo a estreita faixa de praia.
O que poderia ser descanso passa a ser uma sucessão de aborrecimentos. Saio em fuga dos congestionamentos, filas, violência, alagamentos, multidão, sirenes, vai e vem sem fim e encontro a mesma coisa, senão pior na praia. Fico buscando em minhas memórias aquela cena pitoresca do siri beliscando o pé, mas qual o quê, os bichos do mar deram lugar a um imenso caldo de bactérias. No máximo vou pisar em caco de vidro ou em cocô de cachorro e voltar com uma gastroenterite.