quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

FILHO II


Meu filho está crescendo tão rápido quanto seus cabelos. Rapidez também na capacidade de armazenar informações e conhecimentos. É uma cabecinha em franca expansão. Ele não é genial, apenas uma criança curiosa e bem enquadrada aos apelos do seu tempo.
Algumas vezes, me pego pensando que essa linda e divinal criatura (entendam, não porque é meu filho, mas por ser a expressão perfeita da natureza) se desenvolverá em um mundo estéril. Apenas com contatos rápidos e superficiais com a terra, a grama, pequenos insetos, animais, areia, água e tantos outros elementos. Acho que vai crescer sem nunca ter tido as unhas sujas de barro, as pernas e cotovelos arranhados ou ainda alguns pequenos cortes, bem se vê que isso são coisas do meu tempo de moleca.
Imaginem que até o parque que ele frequenta no clube da cidade é de grama sintética. (fiquei horrorizada)
Bom mesmo, era ficar o dia todo pelo quintal em busca de aventuras. Quem nunca fez experiências com produtos de limpeza da mamãe, colocando formigas ou minhocas dentro do detergente para ver o que dava. Fazer bolinho de água com barro nas panelinhas e enfeitá-los com florzinhas e folhas arrancadas do jardim. Brincar com pintinhos, era muito comum no meu tempo, qualquer evento que existia eles davam pintinho para molecada, sendo que na feira (coisa milenar, forma mais primitiva de comércio) também vendia patinhos, sempre que podia trazia algum para casa.
Sem esquecer, é claro, dos gatos e cachorros que eram sempre introduzidos na família e rapidamente reencaminhados o que é hoje politicamente correto.
No meu caso, cheguei também a ter um hamester, era uma graça, só minha mãe é que não achava, vai saber porquê? KKKKK.
No calor brincava com água, com o delicioso espirrador, hoje ele tem uma pistola d'agua com pressão modelão século21.
Fazia cabana com cobertores e lençois sustentada por cadeiras. Agora, o pequenito tem a barraca bem estilizada do Ben10, tudo pronto, que graça tem? Só ele sabe ou talvez eu é que não entendo...
Andava de bicicleta e colocava um pedaço de plástico preso com pregador no aro para fazer um barulho diferente. As melhores brincadeiras eram na rua, junto aos vizinhos amigos. Queimada, pega-pega, taco, esconde-esconde, mãe da rua, pular corda, e até o audacioso beijo, abraço, aperto de mão e tantas inumeráveis brincadeiras de toque bem humano ou seja sem o outro a bricadeira não acontecia. Já a minha figurinha modelo 21 pertence a toda uma imensa geração de filhos únicos e "brincar sózinho" ou com adultos é aceitável.
O meu rebento século 21, já pensa e manipula sózinho, com uma certa dificuldade, (dada a pouca idade) jogos e até programas no cérebro eletrônico: o paint é um deles.
As máquinas e toda tecnologia disponível já pertence ao seu mundo, assim como as bolas para gente como eu, do século passado.
Grande parte do tempo o meu garoto passa em ambientes fechados, quer seja dentro de casa, nos shoppings, na escolinha, piscina coberta e assim por diante....
Recentemente, os bichos foram vistos ao vivo e a cores quando estivemos no zoológico e parece que não foi assim tão interessante quanto para os pais babões do século 20.
Percebi que o aquário foi mais atrativo, afinal se parece com uma tela gigante.Coisas de gente do século 21.
Ps:Continuamos insistindo para que ele conheça todas as maravilhosas brincadeiras do século passado, afinal sabemos o quanto era bom!!!!!!

sábado, 13 de fevereiro de 2010

80 80 80 80 80 80 80 80 1980 a década


Os anos 80 assim como nos 60 trouxeram em seus dias muitas mudanças e histórias que dariam um livro de perspectivas políticas, sociais, artísticas, estéticas e porque não revolucionárias. Mas simplesmente vou me ater a superfície de algumas experiências pessoais.
Lembro-me quando completei 18 anos e meus amigos da rua fizeram uma festa surpresa. Éramos um grupo grande de adolescentes que passavam noites inteiras conversando e rindo na calçada em frente à casa de uma amiga. Viramos o terror da vizinhança, que era composta por senhores aposentados que se ressentiam pelo barulho que fazíamos ou talvez pela nostalgia da juventude já passada ...
Nas noites de frio ou de calor nada mudava o ânimo de nos encontrar e reafirmar que o mundo nos pertencia, afinal, éramos jovens e tudo estava a nossos pés. Um horizonte infindável de oportunidades e descobertas sempre vistas com olhos esperançosos onde tudo sempre dá certo.
O viço da pele também era o das idéias, das primeiras viagens em bandos de amigos, das festas, das acaloradas discussões, dos amores juvenis cheios de eternas paixões que duravam até a próxima semana, de opiniões que se delineavam de acordo com a formação de cada um. Do grupo saíram os rebeldes, peões de fábrica, os reacionários, os intelectuais, os casadouros, os malucos incuráveis, os artistas, os homens de fé, donas de casa enfim toda sorte de perfil social.
Era muito comum caminhar de madrugada pela cidade, o terror parecia não existir e se existia simplesmente ignorávamos, afinal éramos super heróis geração 80. Quando os garotos começaram a trabalhar, todos ou pelo menos a maioria tinha moto, o que era um terror para as mães e a velha vizinhança . Passamos a sair sempre motorizados e naquele tempo (década de 80), sequer nos preocupávamos com capacete. Aliás, tudo era mais leve, porque íamos a praia ou a piscina e ficávamos o dia todo sob o rei SOL, e filtro solar só em conto de ficção científica, isso também valia para cinto de segurança, e tantas outras coisas... E posso afirmar que todos sobrevivemos e com poucos arranhões. Também não nos preocupava o politicamente correto porque tudo era correto! Era uma liberdade ingênua e "seguramente mais segura" que a atual. Ah! e tudo isso e mais muitas outras coisas, algumas até inenarráveis foram permeadas por muita música: o bom rock nacional, heavy metal, rock, rock balada, mpb, punk rock, mais tarde jazz e blues e tudo de bom que as sonoras ondas podiam nos proporcionar aos ouvidos. Créditos também para um jeans rasgado, um tênis sujo e uma camiseta com apelo político, musical ou qualquer outra coisa. Acredito também, que vale ressaltar que a grande maioria do grupo era da escola pública que apesar de dar sinais de desmantelamento da estrutura, havia ainda alguns oásis de conhecimento e cultura. Muitos de nós transitaram pelo mundo acadêmico sem grandes dificuldades.
Como se vê, celulares, pcs, netbooks, notebooks, wii, tatuagens, piercings e muitas coisitas descritas aqui ou esquecidas não fizeram a menor falta na nossa ritual passagem da juventude para maturidade onde a realidade nos encontrou sem grandes traumas.

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010


A INFLUÊNCIA DOS VENTOS ALÍSIOS NA MENSTRUAÇÃO DAS BORBOLETAS AZUIS.


Leu , perdeu tempo? Viu ! Quanto se desperdiça em energia e tempo em coisas estapafúrdias. Lembre-se o mundo literalmente convulsiona estremecendo e jorrando em forma de lavas toda sua dor, haja visto terremotos, vulcões e por aqui as enchentes.
Ps: Tempos vazios, sem inspiração

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Excesso de simpatia


Amanheci simpática. Logo no primeiro encontro um eloqüente bom dia, com um sorriso emoldurado no rosto, afinal era um daqueles dias que não sei porque estava feliz. Antes de alcançar a rua, em casa, até ensaiei uns passinhos tímidos ouvindo uma música na cozinha.
No decorrer das horas, o inusitado estado de graça prevaleceu e assim foi na fila do supermercado, quando gentilmente cedi a vez para um senhor (não um idoso) que aguardava com pouco volume na mão. Coisa rara... Supermercado geralmente é muito estressante.
Na manicure elogiei seu trabalho e não perdi a oportunidade de notar o cabelo bem cuidado da moça. Conversei atenciosamente com um estranho a caminho do centro comercial. Dei informações sossegadamente as pessoas que me perguntaram e ainda todas as vezes que esbarraram em mim ou fui esbarrada, relevei gentilmente e em outras pedi desculpas.
Já no carro, no trânsito, com os temporais assolando a cidade, conservei meu bom humor e sempre que podia abria os vidros e trocava palavras solidárias e de incentivo com o motorista ao lado.
O dia realmente parecia belo, o céu azul, os passáros cantando, a vida resplandescendo em toda sua exuberância, pelo menos era assim que me sentia. Tudo a minha volta era perfeito. Nada poderia afetar o meu estado de graça. Exceto é claro até o momento que chego ao banco.
Raramente vou ao banco pessoalmente, mas nesse glorioso dia de congraçamento comigo mesma e com o próximo, fui obrigada a comparecer a agência.
Aguardando calmamente a minha vez até o caixa, e continuando na minha esteira diplomática e simpática, quando chegou a minha vez puxei um papinho com a moça do caixa. Nesse momento vejo desmoronar toda minha positiva disposição.
Não por questões financeiras ou burocráticas, mas sim pela minha óbvia indiscrição, ou melhor, eu diria pelo excesso de simpatia.
A moça do caixa era uma moreninha bonita e de formas arredondadas, inevitável não perceber nesse dia em que tudo e todos mereciam elogios, foi aí então que eu perguntei :
Para quando é o bebê?
O rosto da moça se transformou e imediatamente senti que havia dado uma colossal e imperdoável mancada. Imperdoável por também ser mulher e saber que jamais deve perguntar se a outra está grávida, com exceção do atestado médico ou exame de sangue comprovando o fato. Colossal porque parecia que a enxurrada estava me levando, acho que no fundo era isso que eu queria.
Enfim, a moça educadamente respondeu que não e eu saí arrasada o mais depressa possível daquele lugar.
Acabo de comprovar que realmente os bancos não tem uma energia positiva, é muita gente "urubuzando" grana.
Acho que foi isso....