quinta-feira, 12 de agosto de 2010

A CHURRASQUEIRA




Se existe algo que considero agregador, isso se chama churrasqueira.
Falou em churrasco, dois tijolos, uma grelha e um amontoado de carvão resolve o problema e a festa começa, os sorrisos se abrem, as pessoas se encontram.
Ninguém refuga um convite de churrasco, pelo menos ninguém que eu conheça.
Declarados vegetarianos, submetem se aos prazeres que o entorno do fogo nos proporciona.
É uma coisa visceral, algo que acompanha a humanidade desde os primórdios.
Exatamente, por esse espírito fraterno é que amigos, inimigos, diletantes, pobres, ricos e remediados de alguma maneira diante da churrasqueira se deixam levar pelo calor humano ou será da churrasqueira? Notem que o planeta todo se rende ao calor da churrasqueira, do ocidente ao oriente, do pólo norte ao pólo sul. É interessante....


Bem, quanto as minhas vivências pessoais, compartilhei manifestações de toda a sorte, graças a referida em questão.
Pau pra toda obra, todo tipo de comemoração passava pelos espetos e grelhas de uma tosca e boa churrasqueira. Deixávamos a preocupação com o colesterol, álcool, fumo e outras coisas para seu devido momento: na frente do médico e encarávamos com toda a tranquilidade a churrasqueira.
Frequentemente, fazíamos em casa "um churrasquinho" que se armava em 15 minutos e corria toda a tarde e algumas vezes invadia a noite sem nenhuma cerimônia, aliás cerimônia é algo que não existe em churrasco. É quem tem churrasqueira tem sempre alguém por perto.
Depois que passamos a viver sem as "labaredas fogueteiras" da churrasqueira, sinto até que as pessoas se afastaram, não é mais a mesma coisa. .
Diante da churrasqueira fazíamos rodas memoráveis de conversa fiada, atualidades, política, religião, como percebem polêmicas em geral, ajeitávamos a vida de todo mundo, menos a nossa é claro! Também fazíamos terapia em grupo, gratuita, engraçada e prazerosa. Mas, enfim, a churrasqueira se foi e junto dela todas as delícias de quem sabe ter uma em casa.
Penso, agora, em instalar uma churrasqueira na área de serviço ou quem sabe na varanda do ap, tipo Very Important People, área gourmet.(sem cerimônia) Brevemente, então resgatarei a minha, porque a saudade dela é grande e tá doendo em mim. Entendem?

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

SAUDADE


Só suporto, é o que eu posso dizer. Tudo tão perto em memórias e definitivamente distante.
Pela manhã quando abro os olhos penso nela e ao anoitecer cerro as luzes do dia com o mesmo pensamento.
Tenho ainda a presença das suas palavras, frases que repito diuturnamente, do seu jeito, da sua maternidade carinhosa, presente e principalmente batalhadora.Vejo sua mãos, sinto seu cabelo fino e disperso. Lembro dos seus olhos castanhos escuros se deitando com compreensão sobre mim. Da sua vaidade discreta: batonzinho, roupas distintas. Do seu romantismo e uma aura de melancolia permeada de boleros, Roberto Carlos e outros. Da sua delicadeza e carinho pelas flores e plantas, talvez ela fosse o Tistu (o menino do dedo verde).
Minhas narinas sentem o cheiro da cozinha, da casa muito limpa, o gosto do famoso bolo da tarde (fubá,chocolate), a lasanha que eu simplesmente amava e infinitas tantas outras saudades.
As roupas que mandava costurar para suas "bonecas" (nós as filhas). Fazer a feira e o mercado juntas. Os passeios curtos que fazíamos de ônibus até o centrinho da cidade, ela jamais quis saber dirigir. Linda mesmo era minha mãe. Beleza que falo, longe da estética, dos valores materiais e de tantos outros apelos dispensáveis.Todos os conselhos que se concretizaram e que o destino nos enganou e assim ela não pôde partilhar. A paz reinava em sua plenitude com a segurança que só a minha mãe podia dar, aliviando os sobressaltos do meu coração. Da sua fortaleza e resignação no ocaso da vida diante da devastadora doença que não levou sua coragem nem tão pouco sua dignidade. Anita, diminutivo carinhoso de ANNA, assim era ela.
Sempre que chegava em casa sem se quer pensar, instintivamente gritava: MÃE, MÃE!!
E sempre, sempre ela estava lá..