quarta-feira, 23 de março de 2011

Mudanças


A morte de Elisabeth Taylor me fez retomar algo que havia abandonado, mas que sempre voltava á baila em meus pensamentos. Acreditei ou me fizeram acreditar que os grandes mitos nunca envelhecem ou ficam doentes, feios e débeis.

Mitos adorados, imitados, ao longo de sua trajetória acabam tornando-se um espectro de sua própria imagem. A imagem da fragilidade humana que inevitável vem a reboque com a velhice.

Não percebemos o quanto mudamos ao longo da vida, nesse aspecto só temos olhos apenas para os outros, mantendo comentários de como fulana ou siclano está gordo, usando próteses dentárias ou feio.

Na solar década dos vinte anos, nem remotamente em um recôndito qualquer da minha mente pensaria em velhice, doença e tão pouco morte.

Nunca as mudanças me alcançaria, meu corpo pemaneceria eternamente rijo, coberto pela tez rosada, e sempre apto a qualquer exagero que prontamente se restabeleceria.

Refletindo, na minha quarta década de vida, (antes tarde do que nunca) compreendo que estou mudando, meu corpo não dá as devidas respostas, embora meus pensamentos insistam em permanecerem os mesmos de décadas atrás. Talvez seja uma resistência natural, sei lá .....

Evidente que a atitude diante da vida é outra, algo mais prudente, cálido como um pôr de sol bonito, entrando em um processo irrevogável de melancolia e muitas lembranças de um passado "recente".

O lugar que ocupo hoje, na trajetória da minha vida é aconchegante, pacato e confortável. Não é como um mergulho vigoroso em uma grande onda, sentindo a água invadir as narinas e voltando à tona com uma indescritível e inesgotável energia.

Não percebi que o tempo passava, na verdade fui tragada pelas montanhosas e inúmeráveis mudanças das duas últimas décadas.

O MUNDO É OUTRO e tudo em tão pouco tempo. Ando e andei ocupada em manter-me na tônica do dia, driblando todas as mudanças dessa nova sociedade.

Nesse instante, penso em permanecer dentro do possível palpável, bem. E continuar com dignidade até lá, onde os ventos fazem a curva.