quinta-feira, 19 de novembro de 2009

O Cristal



Uma coisa leva à outra.

Dia desses estava lavando louça e aconteceu que acabei quebrando uma tacinha de cristal. Quando dei por mim estava sangrando e aí então foi aquele forró, saímos rapidamente para o PA, levei uns pontos, tomei a anti tétano e a vida seguiu seu curso normal, pelo menos aparentemente.

Sou distraída, aliás ando distraída há uns quarenta anos, se é que dá para entender, a vida parece que anda passando ao largo.

Passado o evento, fiquei assim meio chateada e hoje depois de muito tempo, percebi que não se consegue curar a alma.

A alma é como o cristal.

Nem cola, muito menos pílulas resgatam a beleza da alma. Essas últimas apenas embotam suas emoções. São lenitivos para um momento de aflição ou companheiras para a solidão, assim também como o cigarro e o copo.

Trata-se de um mistério insolúvel. Nem o próprio quebrantado alcança a devida compreensão do seu momento.

Não há formúlas, por isso mesmo é extremamente duro andar com a alma quebrada. O cristal encanta por sua transparência, leveza, beleza e principalmente fragilidade, tal qual a alma.

Entretanto, relegamos a fragilidade da alma e só nos damos conta que precisamos de cuidados quando ela está trincada ou já quebrou. Simplesmente nos distraímos.

As festas e o fim de ano se aproximam, vou de encontro com meus cristais, só que estou agora mais aguçada, cuidadosa e prudente. Um corte já foi o suficiente.....

Um comentário:

  1. Desta vez você foi fundo demais...Falou do que eu preciso olhar... (falou de mim ou por mim?).
    Você que olhou a cicatriz,sabe como cuidar...
    Valeu a dica,vou levantar o esparadrapo(Rosely)

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